À agência Lusa, Samuel da Costa Migueis, major veterinário do exército português, explicou hoje que o projeto, intitulado SIPA — Sistema Integrado de Proteção Alimentar, visa desenvolver uma tecnologia que, de forma imediata e no local, permita aferir a qualidade da água e dos alimentos, especialmente em ambientes hostis, onde o acesso a água potável nem sempre é garantido.
A tecnologia nasce do desenrolar das atividades da unidade militar de medicina veterinária que tem a incumbência de verificar o processo de fabrico das refeições do exército, tanto nas cantinas militares em território nacional, como no teatro de operações.
“Neste momento, a monitorização é feita pelos militares que estão em campanha e com recurso a um termómetro. Depois, de seis em seis meses, as equipas veterinárias vão ao local, verificam o registo e trazem amostras para Portugal para processamento”, esclareceu o major veterinário.
Para que o procedimento de monitorização da qualidade dos alimentos e da água se torne “mais autónomo”, os investigadores estão a desenvolver um biossensor, que esperam que fique concluído nos próximos seis a 12 meses.
“Queríamos desenvolver um sistema que fosse possível monitorizar à distância para que quando houver algum desvio na alimentação ou na água conseguirmos atuar a tempo”, salientou Samuel da Costa Migueis.
Também em declarações à Lusa, Felismina Moreira, coordenadora do grupo de investigação BioMark do ISEP, esclareceu que o dispositivo será similar ao “tradicional dispositivo da glucose”, permitindo uma “leitura rápida, barata e simples” dos parâmetros de qualidade da água.
“Através de uma gota de água, colocada na superfície do sensor de base eletroquímica, vai ser possível detetar, no período máximo de 30 minutos, a bactéria E-Coli, o principal indicador de contaminação”, esclareceu a investigadora, acrescentando que para tal, é apenas necessário um ‘smartphone’.
Neste momento, os investigadores estão em “fase de otimização” do produto, sendo que o sensor “já responde”, mas existem outros parâmetros que precisam de ser otimizados.
De acordo com o major veterinário, a tecnologia está a ser testada na escola dos serviços na Póvoa do Varzim, local onde também já foi testada a “sonda térmica móvel inteligente”, dispositivo que permite controlar a segurança alimentar.
“O projeto SIPA é uma prova de conceito de que é possível monitorizar à distância o processo produtivo de uma cozinha de campanha”, evidenciou Samuel da Costa Migueis.
O projeto arrancou em 2021 e conta ainda com a colaboração da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e da empresa Izum.
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