
As descobertas aumentam para 49 as novas espécies descritas ao longo da última década pela espeleóloga e investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA.
Os novos pseudoescorpiões, uma ordem que pertence à classe dos aracnídeos e que são popularmente conhecidos como falsos-escorpiões por, apesar de não terem o ferrão e um longo abdómen, serem semelhantes aos escorpiões, foram anunciados ao mundo na edição de abril do Journal of Arachnology, em colaboração com o investigador Juan Zaragoza da Universidade de Alicante.
Descoberta em grutas do maciço calcário do Algarve, a Occidenchthonius goncalvesi foi dedicada por Ana Sofia Reboleira ao professor que, na UA, a orientou durante o Mestrado em Ecologia, Biodiversidade e Gestão de Ecossistemas e o Doutoramento em Biologia.

“É um reconhecimento a um professor extraordinário cujo apoio foi fundamental para ter enveredado pelo estudo da Biologia Subterrânea e ter prosseguido uma carreira académica”, lembra Ana Sofia Reboleira que atualmente é professora associada na Universidade de Copenhaga, coordena um laboratório dedicado ao estudo da Biologia Subterrânea no Museu de História Natural da Dinamarca e se mantém como colaboradora do CESAM.
“Esta nova espécie, que tem cerca de 2 milímetros de comprimento, é um organismo troglóbio, que significa que está adaptado à vida nas grutas, é despigmentado e carece de estruturas oculares, uma vez que vive num ambiente onde a obscuridade é total”, descreve a bióloga. “É também uma espécie endémica, tem uma distribuição geográfica muito reduzida e só vive em grutas do maciço calcário do Algarve”, diz.
As outras quatro espécies
A espécie Occidenchthonius alandroalensis (descoberta numa gruta no Alandroal, no Alentejo), a Occidenchthonius algharbicus (descoberta numa gruta do Cerro da Cabeça, no Algarve), a Occidenchthonius duecensis (descoberta no sistema espeleológico do Dueça, em Penela) e a Occidenchthonius vachoni (descoberta no maciço calcário de Sicó, em Leiria) constituem os restantes quatro pseudoescorpiões que Ana Sofia Reboleira dá a conhecer à Ciência pela primeira vez.
“As quatro espécies pertencem todas ao mesmo género, portanto são muito similares. A diferenciação entre estas quatro espécies encontra-se a nível do padrão da distribuição das sedas, que são as estruturas sensitivas do organismo e das estruturas reprodutoras, bem como as proporções relativas das diferentes partes corporais e a presença de estruturas especializadas”, explica Ana Sofia Reboleira.
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