Esta descoberta, acabada de publicar na conceituada Scientific Reports, do grupo Nature, abre caminho para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas, nomeadamente no tratamento de doenças cardiovasculares, utilizando os exossomas como veículo de fármacos e a conexina43 como um “facilitador” da libertação do conteúdo dos exossomas nas células alvo.
Os exossomas, explica Henrique Girão, líder do estudo e investigador do Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, "têm um grande potencial clínico e terapêutico. Sendo de fácil acesso (encontram-se presentes, p. ex, na saliva e no sangue), é possível isolá-los e identificar nos seus constituintes moléculas que podem funcionar como biomarcadores para diagnóstico ou prognóstico de doença".
"Uma vez isolados é ainda possível manipular o seu conteúdo, nomeadamente em termos de fármacos, e voltar a introduzi-los no organismo, podendo assim funcionar como veículos terapêuticos", exemplifica.
Modelos animais e amostras humanas
Considerando o papel já conhecido da conexina43 na mediação da comunicação entre células adjacentes, este estudo, realizado em linhas celulares, modelos animais e amostras humanas, demonstra "a otimização de recursos pelos sistemas biológicos, uma vez que a mesma proteína envolvida na comunicação entre células pode também mediar a comunicação dos exossomas com as células", nota Henrique Girão.
Após identificarem pela primeira vez a existência de conexinas nos exossomas, os investigadores pretendem agora avaliar a sua relevância num contexto fisiopatológico "nomeadamente no contexto cardiovascular, onde os exossomas podem mediar a comunicação entre os diferentes tipos de células que constituem o coração, garantindo o seu normal funcionamento ou, em alternativa, contribuir para o desenvolvimento de doença cardíaca", sublinha o investigador.
Esta comunicação "entre exossomas e células garantida pela conexina pode ser particularmente útil para aumentar a eficiência da libertação de fármacos, veiculados em exossomas, nas células alvo, abrindo, desta forma, portas para o desenvolvimento de formas de tratamento inovadoras e mais eficazes no combate a vários tipos de doença", conclui o coordenador do estudo que envolveu também investigadores da UC Biotech.
A equipa vai ainda avaliar em contexto clínico (com doentes), em colaboração com o Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), se a conexina43 dos exossomas poderá funcionar também como um indicador para as doenças cardiovasculares.
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