“A grande conquista de não haver doentes em macas nos corredores dos hospitais é uma melhoria que está em perigo”, afirmou o deputado à Lusa, sublinhando que o tempo despendido pelos médicos nas urgências compromete os atendimentos em consulta, o que contribui para que o Algarve esteja no topo das regiões cujos períodos de espera para consultas são mais elevados.

Cristóvão Norte remeteu para dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) relativos aos meses de agosto, setembro e outubro de 2017, que apontam para um tempo médio de espera de 856 dias para uma consulta de Urologia, em Portimão, e de 653 dias para uma consulta de Estomatologia, ou de 560 dias para uma consulta de Neurocirurgia, em Faro.

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Contactada pela Lusa, a presidente do conselho de administração do CHUA garantiu, no entanto, que “não há macas nem doentes internados nos corredores” e considerou que “o cenário” levantado pelo deputado do PSD eleito pelo círculo de Faro apenas representa uma “preocupação” sua.

Sobre a possibilidade de voltar a haver macas nos corredores das urgências hospitalares algarvias, Ana Paula Gonçalves disse não haver informações que permitam “traçar cenários de futuro sobre essa matéria” e apenas refletir “uma preocupação” do deputado do PSD que “não se verifica, nem faz sentido conjeturar”.

Contudo, segundo o deputado, os tempos de espera “continuam a aumentar”, o que o levou a subscrever uma pergunta que o grupo parlamentar do PSD dirigiu à tutela na Assembleia da República para saber “que medidas concretas vai o Governo tomar para reduzir o número de consultas hospitalares realizadas fora dos Tempos Máximos de Resposta Garantida (TMRG) no CHUA”.

O PSD quer também que o executivo do PS diga “em que data ou datas pretende tomar essas medidas” e “quais são os objetivos quantificados pelo Governo para reduzir o número de consultas hospitalares realizadas fora dos TMRG no CHUA”.

Falta de médicos

O parlamentar considerou que a escassez de médicos, a desestruturação das urgências e a redução da carga horária dos médicos de 40 para 35 horas semanais são alguns dos fatores que ajudam a explicar esta tendência e exige ao Governo que tome medidas para resolver a situação.

Outro problema, acrescentou, é o facto de os quatro serviços de urgência básica que existem na região não conseguirem, frequentemente, preencher escalas de médicos, fazendo com que os utentes divirjam para as Urgências.

A agência Lusa confrontou a administração do CHUA com o aumento dos tempos de espera para consultas, mas esta remeteu qualquer resposta para o Governo, por se tratar de perguntas dirigidas ao executivo no âmbito da ação do grupo parlamentar social-democrata na Assembleia da República.

“Os serviços estão a funcionar e a dar respostas de qualidade ao número de utentes que acorrem aos nossos serviços neste período de contingência gripal, graças ao empenho de todos os profissionais, à organização dos serviços e à resposta regional desenvolvida em parceria com os cuidados de saúde primários no âmbito do plano de contingência”, assegurou Ana Paula Gonçalves.