A depressão é a principal causa de aposentação precoce nas mulheres e a terceira nos homens, segundo dados da Caixa Geral de Aposentações relativos a 2010, que apontam para um aumento da contribuição dos episódios depressivos.
Os números, revelados à agência Lusa pelo psiquiatra Luís Câmara Pestana, indicam que, nos homens, a depressão passou de sétima causa de incapacidade permanente para terceira causa em apenas um ano.
No caso das mulheres, de 2009 para 2010, o número de aposentações precoces por depressão aumentou 10 por cento, de 160 para 169 casos. Nos homens, em números absolutos, passou-se de 25 para 45 aposentações.
Câmara Pestana, presidente da Associação Portuguesa de Psiquiatria Psicológica, lembra também que a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que a depressão é das principais causas de incapacidade para o trabalho.
O especialista frisa ainda que o stress, a depressão e a ansiedade são apontados por um estudo europeu recente como a segunda causa mais relevante de problemas ligados ao trabalho, logo a seguir às doenças reumáticas e de esforço muscular.
Em vésperas do Dia Europeu da Depressão, que se assinala no sábado, os especialistas vão desenvolver várias iniciativos pelos diferentes países, com o objetivo de sensibilizar para a importância do diagnóstico da depressão, diminuir o estigma provocado pela doença e facilitar o acesso a consultas.
Estima-se que a depressão afete 124 milhões de pessoas em todo o mundo. Na Europa serão 50 milhões, ou seja, 11 por cento, que já sofreram de pelo menos um episódio depressivo no ano anterior.
Em Portugal, um estudo epidemiológico de 2010 aponta para mais de 20 por cento da população afetada por uma perturbação psiquiátrica. A ansiedade é a mais dominante, seguida das perturbações depressivas.
Tal como a OMS já assumiu, a crise económica e financeira traz um aumento do risco de prevalência das perturbações psiquiátricas, o que deverá ocorrer igualmente em Portugal, avisa Câmara Pestana.
Por isso, o médico alerta as autoridades para a necessidade de rever as políticas de saúde mental em função do aumento do risco.
“Devem ser promovidos programas de maior facilidade de acesso às consultas e ao tratamento”, defende em entrevista à Lusa, recordando que apenas um em cada três portugueses tem acesso a cuidados médicos, a diagnóstico e tratamento.
“Há pessoas que não a ser tratadas. Duas em cada três não estarão a ser tratadas. Ou por se sentirem estigmatizadas ou por não terem acesso a cuidados médicos. Mas a doença não tratada é um estigma muito maior do que o tratamento”, sublinha Câmara Pestana.
28 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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