“Dá-nos um cigarro e deixa de fumar” é a campanha do “Dia do não Fumador”, que arrancou hoje no Porto e Lisboa, para construir uma escultura de cigarros e leiloá-la em prol de doentes com cancro do pulmão.
“Eu gostava de contribuir para a campanha, mas era deixando de fumar, não era doando cigarros”, desabafa José Fortes, 53 anos, que fuma dois maços por dia e se recusou, inicialmente, a aderir à campanha de dar um cigarro para a criação de uma escultura solidária.
À saída da estação de Metro da Trindade (Porto), José Fortes, que fuma desde os 14 anos, revela alguma descrença em relação às campanhas do “Dia do Não Fumador” e confessa que, com ele, aquelas iniciativas não resultam.
“O cigarro ouve os meus problemas, queima-se e passa. É o único recanto que tenho para desabafar num momento difícil”, conta à Lusa, explicando que para ele é quase impossível deixar de fumar.
Depois de fumar um cigarro, José Fortes, operário da construção civil, decidiu, todavia, ajudar os doentes com cancro do pulmão e aderiu à campanha “Dá-nos um cigarro e Deixa de Fumar. O céu pode esperar”, deixando até fotografar-se para poder acompanhar na rede social Facebook o evoluir da construção da escultura de cigarros.
A obra de arte vai ser criada pelo artista plástico João Leonardo, que utilizará para o efeito os cigarros recolhidos ao longo da campanha.
A peça artística vai ser leiloada a favor da luta contra o cancro do pulmão, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão (Pulmonale).
A campanha “Dá-nos um cigarro e Deixa de Fumar” está hoje no Porto e Lisboa e seguirá depois para Braga, Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria, Santarém, Évora e Faro.
Todos os anos são diagnosticados cerca de 3.500 novos casos de cancro do pulmão e 80 por cento destes são resultado direto do tabaco.
Segundo a Pulmonale, a prevenção continua a ser a melhor forma de combater o cancro do pulmão e defende que é fundamental diminuir o consumo de tabaco de modo que, a médio prazo, seja possível diminuir a incidência daquele cancro.
“Existe uma diferença, em termos de tempo, entre o consumo de tabaco e o aparecimento de cancro do pulmão. Essa diferença de tempo situa-se entre 10 a 15 anos”, indica António Araújo, presidente da Pulmonale.
17 de novembro de 2011
@Lusa
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