Contada pode parecer uma narrativa ficcionada, mas a verdade é que tudo começou numa caminhada nas montanhas suíças. O ambiente envolvente desencadeou o desejo de, dois amigos de longa data, André Correia e Daniel Guedelha, criarem um espaço “aberto e inovador” que permitisse dar voz a especialistas que, do mesmo modo que os anfitriões, desejassem criar valor em saúde.
Daniel Guedelha trabalha há mais de 12 anos numa das três maiores farmacêuticas mundiais, estando atualmente em Global Corporate Strategy, como Chief of Staff de um membro da comissão executiva da empresa. Já André Correia conta com mais de vinte anos de experiência como líder de projetos internacionais na área da transformação digital. O cruzamento de ideias e experiências entre ambos conduziu a que a Saúde e o Digital fossem o foco de mais de trinta episódios da primeira série do podcast.
Questionados sobre o sucesso da primeira série, a qual contou com mais de vinte mil downloads únicos, Daniel atribuí-o à qualidade dos convidados. “As pessoas que convidamos foram escolhidas a dedo pelo rigor e pela qualidade que têm, assim como pela sua visão construtiva que têm do nosso país”, sendo estas “a razão do nosso sucesso”.
Preocupados em combater as fake news e desinformação promovida nas redes sociais, André sublinha que o Cruzamento surgiu da necessidade de demonstrar à sociedade que, através de um papel ativo, é possível influenciar decisores políticos e organizações. “Tentamos demonstrar isso nas nossas conversas. Pacientes e doentes somos todos, mas enquanto sociedade temos também responsabilidade. Não podemos ficar à espera que o Governo responda a todas as nossas necessidades. Como sociedade temos a responsabilidade de influenciar essas decisões. E como o podemos fazer? Através das associações de doentes. São elas que, através dos seus associados, conseguem levar a voz às entidades governamentais e privadas”.
Através de episódios quinzenais, o podcast tem dado voz a representantes de sociedades e associações de doentes, membros da indústria farmacêutica, jovens empreendedores, pequenas start-ups e decisores políticos. No final de contas, o Cruzamento tem contribuído “de forma positiva para o desenvolvimento da saúde e das tecnologias em Portugal”.
Apesar do podcast dar a conhecer projetos e ideias inovadoras, de valor em Saúde, desenvolvidas por portugueses para portugueses, Daniel admite que a nível nacional “temos alguma aversão ao risco e isso reflete-se no setor público e privado”. Esta realidade explica, assim, o porquê de países como os Estados Unidos estarem à frente no que toca à inovação tecnológica.
“Considero que é preciso agarrarmos estas pessoas e apoiá-las… Já nem falo só a nível financeiro; às vezes é uma questão de dar-lhes voz e palco”.
O surpreendente alcance deste projeto demonstrou que existe vontade de aprender a fazer mais para melhorar os cuidados de saúde. André revela que receberam o relato de algumas associações que “usaram o podcast para influenciar decisores, nomeadamente diretores das organizações.”
“Temos um comentário no iTunes muito interessante de alguém que nas suas farmácias usa o podcast para sessões de formação. Isto mostra bem a importância de ter conversas com quem sabe dos temas”, acrescenta sorridente.
Feito o balanço do primeiro ano do Podcast Cruzamento André e Daniel adiantam que haverá uma segunda série que irá surpreender os ouvintes. “Podem continuar a esperar um espaço de debate aberto e inovador”, mas desta vez com foco na Ciência e na Tecnologia. “Queremos explorar a parte da biotecnologia, das doenças raras e da sustentabilidade”, revelam.
HN/Vaishaly Camões
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