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Casos não aumentaram mas estão a tornar-se mais violentos
12 de junho de 2013 - 17h00
A crise económica, com dificuldades nas famílias e instabilidade entre os professores, leva à diminuição do acompanhamento dos jovens, podendo contribuir para o aumento da ocorrência de situações de "bullying", disse hoje uma investigadora do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.
"Algumas crianças estão a ter um menor acompanhamento da parte dos pais, que estão a monitorizar menos o que se passa; da parte dos professores, a instabilidde das políticas também está a afetar a relação [com os alunos] e poderão vir a desenvolver-se maiores níveis de ocorrência destes tipos de comportamento", referiu à agência Lusa Susana Carvalhosa, investigadora do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE).
Susana Carvalhosa participa hoje nos Seminários Mundos Juvenis, organizados pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, com o tema "Um por Todos e Todos por Um! Prevenção do 'bullying' entre jovens".
Em Portugal, "estão envolvidos em situações de 'bullying' um em cada cinco" crianças e adolescentes, a partir dos 12 anos, e estão reportados exemplos deste comportamento a partir do 1.º ciclo, o que "não era muito comum", apontou.
Questionada sobre as consequências da crise económica no "bullying", comportamento agressivo entre pares (no mesmo grupo etário), Susana Carvalhosa disse que, "se têm menos apoio por parte dos pais e dos professores, as relações que vão desenvolver com os outros [pares] também serão afetadas".
"O que está a acontecer em algumas escolas é uma situação muito complexa em que vemos o efeito dos diferentes fatores", realçou a investigadora que desenvolveu vários estudos sobre este tema.
Segundo Susana Carvalhosa, os dados existentes para Portugal "não dizem que os valores [do 'bullying'] têm vindo a aumentar, têm é acontecido mais casos de situações mais críticas ou com mais frequência".
"Os números globais de alunos envolvidos em situações de 'bullying' não têm aumentado mas, se atendermos àqueles que acontecem todas as semanas, os valores têm aumentado", especificou.
Quanto aos fatores relacionados com o "bullying", afirmou que, "quanto maior a autoestima e a empatia [das crianças], menor a probabilidade de se envolverem" nestes comportamentos.
E "quanto mais apoio sentirem dos pais e professores, menor a probabilidade de se envolverem" em comportamentos agressivos, disse a investigadora.
"Se crianças ou adolescentes sofrem de rejeição da parte dos pares e estão sozinhos nos recreios, porque não têm amigos com quem estar, aumenta a probabilidade de se tornarem um alvo" de "bullying", acrescentou.
Entre os sinais de que alguma coisa poderá estar a acontecer com os jovens, estão a redução do desempenho escolar, devido às dificuldades de concentração e no estudo, mas também as consequências a nível psicológico e físico, com "o medo de ir para a escola".
"É difícil para os adultos perceberem [situações de 'bullying']; as crianças não contam até porque muitas vezes se culpabilizam", mas a existência de nódoas negras ou de terrores noturnos, a recusa de ir para a escola ou o desaparecimento de objetos são indícios a que os pais devem dar atenção.
Lusa
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