Num dia marcado pela polémica provocada pelo anúncio do grupo farmacêutico francês Sanofi de que dará prioridade aos Estados Unidos caso desenvolva com sucesso uma vacina contra a covid-19, a Comissão Europeia, em diferentes palcos, reiterou hoje que uma vacina, quando for desenvolvida, deve ser disponibilizada e financeiramente acessível para todos, em todo o mundo.
Num debate hoje à tarde no Parlamento Europeu precisamente sobre o desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus, o comissário europeu Margaritis Schinas insistiu que o grande objetivo da UE é que seja encontrada uma vacina “o mais rapidamente possível”.
“Essa é a melhor forma de efetivamente erradicar a pandemia e prevenir o seu ressurgimento”, afirmou, mas ressalvou que a produção da mesma “é só metade da batalha”.
“Temos também de assegurar um acesso justo, generalizado e equitativo à vacina, não só para todos os europeus, como para o resto do mundo”, disse, afirmando que é por isso que a União Europeia está a liderar a iniciativa mundial de angariação de fundos, através da conferência de doadores iniciada em 04 de maio, e que recolheu logo nessa data 7,4 mil milhões de euros.
Para o comissário, que detém a pasta da «Promoção do Modo de Vida Europeu», esta iniciativa – que não contou com a participação dos Estados Unidos - serviu também para a UE enviar “uma mensagem enfática de unidade e solidariedade para todo o mundo”.
Segundo o responsável grego, o objetivo da campanha é não só “liderar o esforço mundial para desenvolver diagnósticos, tratamentos e vacinas contra a covid-19 o mais rapidamente possível”, mas também “assegurar que se tornarão acessíveis numa base justa e equitativa, assim que forem descobertos”.
“Provámos também que, nos tempos turbulentos de hoje, a UE continua a ser uma força do bem para o planeta”, sustentou.
Margarits Schinas lembrou que a “maratona” de angariação de fundos continua aberta, até 25 de maio, e encorajou os eurodeputados a ajudar a encontrar mais doadores, públicos ou privados.
Testemunho em vídeo da artista plástica Joana Vasconcelos
Um ‘trunfo’ hoje acenado pela União Europeia em busca de mais apoios é um testemunho em vídeo da artista plástica Joana Vasconcelos, divulgado em Bruxelas.
“Eu gosto de pensar em grande, tanto na arte como na vida. Sei o quão importante é unir esforços. Agora, mais do que nunca, temos de aproveitar a nossa oportunidade para ajudar a fazer uma mudança que queremos ver neste mundo. Como europeus e cidadãos do mundo, este é o nosso dever”, declara a artista portuguesa na mensagem-vídeo.
“Tal como gostaríamos de ver emergir um novo paradigma, também devemos contribuir para que isso aconteça. Nós podemos fazer isto. Antes de mais nada, contribuindo com uma doação para ajudar a encontrar uma vacina contra este vírus. Estamos todos juntos nisto. Podemos transformar as nossas vidas e este mundo numa obra-prima”, completa.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 297 mil mortos e infetou mais de 4,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (1,88 milhões contra 1,81 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (113 mil contra 161 mil).
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