Os casos registados até ao final de março correspondem a 51 mulheres e 28 homens com idades entre os 18 e 79 anos, informou June Raine, diretora da agência britânica MHRA, insistindo que os benefícios da vacina continuam a superar os riscos para "a grande maioria" da população.
Já o comité científico que supervisiona a campanha de vacinação da COVID-19 no Reino Unido recomendou nesta quarta-feira limitar o uso da vacina AstraZeneca para maiores de 30 anos, quando possível.
"Adultos com [idades] entre 18 e 29 anos, que não têm uma comorbidade que os coloque em maior risco de uma forma grave da COVID-19, devem receber outra vacina em vez da AstraZeneca, quando tal alternativa estiver disponível", disse Wei Shen Lim, do JCVI, observando que o comité não recomendava, no entanto, a interrupção da vacinação em nenhuma das faixas etárias.
No total, mais de 21 milhões de doses da vacina AstraZeneca foram administradas no país. June Raine disse que os "sistemas de monitorização detetaram agora um potencial efeito secundário da vacina COVID-19 da AstraZeneca num número extremamente mais baixo” de "casos muito raros e específicos de coágulos de sangue com número de plaquetas [sanguíneas] baixas”.
Porém, considerou que é necessário mais trabalho para estabelecer sem dúvida que foi a vacina que causou estes efeitos secundários e que, "baseado nos indícios atuais, os benefícios da vacina AstraZeneca contra a COVID-19 e os riscos associados [à doença] como hospitalização e morte, continuam a superar os riscos para a grande maioria das pessoas”.
Segundo Raine, o risco de complicações é agora de quatro num milhão e referiu que apenas três das 19 mortes eram de pessoas com menos de 30 anos.
Minutos antes, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) também revelou ter concluído que existe uma “possível relação” entre a vacina da contra a covid-19 da farmacêutica AstraZeneca e a formação de “casos muito raros” de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco.
Na terça-feira, a Universidade de Oxford anunciou a suspensão dos testes em crianças da vacina que desenvolveu com o laboratório anglo-sueco.
Até agora, as autoridades de saúde e políticas britânicas têm defendido firmemente a vacina desenvolvida no Reino Unido de críticas e reiterado que os benefícios superam os riscos.
Porém, as dúvidas têm-se acumulado, principalmente quanto à vacinação dos mais novos, pois a maioria dos maiores de 50 anos já recebeu a primeira dose.
A limitação do uso da vacina AstraZeneca pode atrapalhar a campanha de vacinação no Reino Unido, o país com mais mortes atribuídas a covid-19 na Europa, quase 127.000 desde o início da pandemia.
Por precaução, vários países decidiram deixar de administrar a vacina abaixo de certa idade, como a França, Alemanha e Canadá, enquanto a Noruega e a Dinamarca suspenderam totalmente o seu uso.
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Com Lusa
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