“A saúde mental faz parte da resposta da saúde pública à covid-19”, afirmou Aiysha Malik, especialista do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS, sublinhando que “todas as pessoas que possam estar mais vulneráveis a experienciar a deterioração da sua saúde mental devem ter acesso” a estes cuidados.
Aiysha Malik falou hoje numa entrevista conjunta transmitida ‘online’ a partir de Copenhaga, em que participou também o diretor regional para a Europa da OMS, Hans Kluge, que reconheceu que a pandemia terá importantes consequências no bem-estar psicológico das pessoas.
“É absolutamente natural que cada um de nós sinta stress, ansiedade, medo e solidão durante este período”, reconheceu, acrescentando que é essencial que os governos e as autoridades de saúde deem resposta aos desafios de saúde pública mental, não só agora, mas também no rescaldo da pandemia.
A conversa transmitida na página de Facebook da OMS-Europa foi a primeira de uma série de entrevistas ‘online’ semanais e centrou-se na necessidade de apoio à saúde mental e ao bem-estar psicológico durante este período.
Sobre o tema, Aiysha Malik sublinhou que as situações de elevado ‘stress’ criadas por emergências como esta têm efeitos negativos na saúde mental, em particular, de pessoas mais vulneráveis com problemas pré-existentes, nas populações mais velhas que são também mais vulneráveis ao novo coronavírus, e até nos casos de pessoas que recuperaram da doença e se encontram sujeitas a uma maior estigmatização.
No entanto, a especialista em saúde mental acredita que além das respostas necessárias das autoridades de saúde e dos governos, também a comunidade pode desempenhar um papel importante no apoio ao bem-estar psicológico, elogiando iniciativas solidárias que promovem a colaboração na ajuda aos mais vulneráveis.
“Podemos estar a experienciar este ‘stress’ de forma coletiva, mas também podemos nos apoiar uns aos outros coletivamente”, exclamou, sugerindo que uma das coisas mais importantes que as pessoas podem fazer num momento como o atual é manter o contacto com os outros. “O distanciamento social não implica que nos afastemos das nossas redes sociais”, afirmou.
Hans Kluge concordou que nesta fase o importante é “agir com bondade” e adiantou que a OMS já preparou um conjunto de materiais específicos sobre a covid-19 para informar e orientar os países e o público em relação às necessidades de apoio psicossociais resultantes da situação epidemiológica atual.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com quase 260.000 infetados, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 7.503 mortos em 74.386 casos registados até quarta-feira.
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