Os passageiros do voo da TAP, entre portugueses, angolanos e brasileiros, queixaram-se do "longo tempo de espera" na fila para o respetivo controlo, mas outros consideraram a medida indispensável para a sua segurança.
Meia dúzia de técnicos do Ministério da Saúde angolano, completamente equipados com máscaras, luvas, batas e câmaras térmicas, móvel e fixa, compõem a equipa sanitária, escalados por turnos, para o rastreio a cada passageiro.
A câmara térmica instalada num balcão de passagem obrigatória segue a mobilidade de cada passageiro para controlo da sua temperatura e depois segue para outros procedimentos administrativos.
O processo para o português Mário Eurda "é necessário", mas, observou, "está mal feito", sobretudo "devido à demora" na longa fila, onde também intervêm agentes do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) para o controlo burocrático.
À Lusa, o arquiteto angolano Natividade da Silva falou em "confusão" no processo de rastreio, onde se "perde muito tempo", questionando a utilidade do preenchimento de fichas sanitárias durante o voo.
"Sei que é uma preocupação de emergência mundial (o Covid-19), mas eu passo por vários aeroportos internacionais, venho de Lisboa e não há esse controlo que é rigoroso, mas desnecessário, porque há outra formas de fazer o controlo sem atrasar as pessoas", desabafou.
No movimento lento da longa fila de passageiros, o cidadão angolano, Nzima Victor contou à Lusa que a viagem correu sem sobressaltos e enalteceu o processo de rastreio.
"É bom para o país não ter problema nenhum e então a gente se submete", sublinhou.
Um cartaz gigante sobre os cuidados e meios de transmissão do coronavírus, com epicentro na China, está patente na sala desembarque, além de um vídeo com o mesmo propósito cuja figura é a ministra da Saúde angolana, Sílvia Lutucuta.
Para o piloto português Frederico de Sá, que questiona se as medidas de controlo decorrem do "medo ou gravidade" da epidemia de Covid-19, o processo de rastreio, apesar de "um bocadinho mais demorado que o normal", decorre bem.
Entre os passageiros que desembarcaram esta sexta-feira em Luanda, via TAP, esteve a brasileira Marcela Mendoza, que assinalou a necessidade do rastreio fronteiriço de forma a acautelar eventual propagação do vírus.
Por seu lado, o empresário português Carlos Martins também valorizou as medidas de segurança do aeroporto internacional de Luanda, considerando que as mesmas "são sempre bem-vindas", afirmando-se “disposto a aceitar isso".
"Porque é a nossa segurança que está em causa e penso que está tudo dentro do que é expectável e está a correr muito bem", disse.
Além de técnicos de saúde, em alguns departamentos do aeroporto internacional de Luanda os funcionários estão igualmente a usar máscaras de proteção.
Angola desenvolve planos de contingência e medidas de controlo nos principais pontos de entrada do país e decretou, a partir de 03 de março, a proibição da entrada de cidadãos estrangeiros oriundos da China, centro da epidemia de Covid-19, Coreia do Sul, Irão, Itália, Nigéria, Egito e Argélia, países com casos autóctones ou registados do novo coronavírus.
No entanto, na quarta-feira, as autoridades angolanas decidiram retirar a lista de proibição a Nigéria, Argélia e Egito por reportarem apenas um caso.
A epidemia de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, já provocou mais de 3.450 mortos e infetou mais de 97 mil pessoas em 85 países, incluindo nove em Portugal.
Além dos 3.042 mortos na China Continental, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos, Filipinas, Espanha, Reino Unido e Iraque.
A OMS declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco "muito elevado".
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