Por cá a vigilância genómica realizada, também com recurso a algumas formas mais expeditas na rede laboratorial, já aponta para que mais de metade dos novos casos de infecção (ou doença) causada pelo SARS-CoV-2 possa ser causada pela nova variante.
Um ano depois do período perinatal de 2020 estamos mais rápidos a responder, apesar da prévia “explosão” do número de casos em alguns países, designadamente da Europa do Norte já indiciar uma nova onda pandémica e a nova variante ómicron, apesar das proibições feitas a viagens da África Austral, já estar presente na Europa já vai para cerca de 5 semanas. O tsunami mais recente no Reino Unido e em Espanha (tão próximos por ar ou por terra) veio determinar o que já se vislumbrava há semanas que por cá se passaria.
Hoje, 22 de dezembro, temos cerca de 9000 novos casos que, observada a curva pandémica, indiciam, sem ser necessário o recurso a complexos modelos matemáticos, que se vislumbra a possibilidade de, no mínimo, poder ocorrer a duplicação de casos diários nas duas ou três semanas que se avizinham que, grosseiramente irão, pelo menos até ao dia de Reis (que, recorde-se, usam coroa, etimologicamente do latim corona).
A Alemanha, por exemplo, reagiu bem mais precocemente, ainda na alvorada da eclosão da nova variante, estando a descer o número de casos há cerca de 2 ou 3 semanas depois de ter atingido o pico mais elevado de novos casos diários e da média de 7 dias. Todos se recordarão da veemência da resposta a essa onda, nem sempre bem compreendida, por parte da ex-Chanceler Angela Dorothea Merkel, apesar da então iminente cessação das funções políticas.
Há cerca de 1 ano que o Director-Geral da OMS, o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, etíope e primeiro Director-Geral Africano da OMS (a terminar o seu mandato de 5 anos na próxima primavera/verão) e o próprio Secretário-Geral das Nações Unidas, clamam, debalde, pela necessidade de uma panresposta à pandemia, centrando o seu discurso na necessidade de taxas de vacinação mais equilibradas em toda a população mundial, por oposição à iniquidade actual, para se poder obter um maior sucesso no combate à pandemia. Na Etiópia, por exemplo, a vacinação completa (sem rappel) abrange menos de 10% (cerca de 7%) da população e por cá estamos nos 90%.
De facto, a actual resposta mundial à pandemia permite ainda que em muitas zonas geográficas o vírus circule naturalmente nas populações e que dessa forma a replicação vá gerando, com mais facilidade, a possibilidade de surgirem novas variantes que não se esgotarão, por certo, na ómicron no processo de “adaptação” da partícula viral ao hospedeiro.
Será assim tão complicado compreender que problemas globais só se resolvem com respostas globais? É que com a actual mobilidade, a imunidade de grupo é da população mundial e não da população de cada país, e mais ainda com um vírus-camaleão como este corona.
Entretanto na África do Sul há cerca de 1 semana que se assiste à diminuição do número de novos casos.
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