“Não vamos conseguir com as vacinas que temos terminar a primeira fase antes de 31 de março, vamos prolongar para abril este período”, disse Henrique Gouveia e Melo na reunião do Infarmed, que junta peritos, Governo e o Presidente da República e onde está a ser analisada a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal.

Esta situação, explicou Gouveia e Melo, que sucedeu a Francisco Ramos no cargo, “não é um problema de administração, nem da velocidade da administração, é um problema logístico e um problema da disponibilidade de vacinas à chegada a Portugal e, portanto, de acesso a vacinas”.

O vice-almirante Gouveia e Melo lembrou que o plano consagra “três grandes” prioridades: salvar vidas, conferir resiliência ao Estado, conferindo primeiro a resiliência ao serviço de saúde e depois às outras funções do Estado, e numa fase posterior libertar a economia.

Nos dois grupos incluídos na primeira fase, relacionados com “salvar vidas” e com o “ganhar resiliência no Estado relativamente ao sistema de saúde e depois aos outros serviços que são essenciais e críticos para Estado”, estão, respetivamente, 1,14 milhões de pessoas e 235 mil pessoas.

Com as vacinas que estão disponíveis e que estão a chegar a Portugal, não se vai conseguir vacinar estes dois grupos dentro do prazo que era previsto de 31 de março, explicou o coordenador da `task force´.

“Nós estamos num momento de estrangulamento de disponibilidade de vacinas”, afirmou Gouveia Melo, sublinhando que “o problema que Portugal enfrenta neste momento” é a dificuldade de aquisição de vacinas.

“Há uma diminuição significativa de vacinas que têm a ver com a disponibilidade mundial de vacinas e tem a ver com o quadro europeu onde Portugal se insere e onde são negociados os processos de aquisição de vacinas”, explicou.

De acordo com o responsável, é expectável que no primeiro trimestre se consigam obter 1,98 milhões de doses.

Em Portugal já foram recebidas 503 mil vacinas, 43 mil das quais foram para a Madeira e para os Açores e 460 mil ficaram no continente.

Destas 460 mil que estão no continente, já foram administradas 400 mil vacinas, estando em reserva 60 mil, disse Gouveia e Melo, justificando que há sempre a necessidade de constituir uma reserva de vacinas, para não comprometer a segunda dose.

Para o vice-almirante, a percentagem das vacinas aplicadas “é muito elevada e só não é mais elevada por uma questão de segurança relativamente às segundas doses, o que corresponde a 294 mil primeiras doses aplicadas e 1.06l segundas doses inoculadas, ou seja, na segunda-feira, 106 mil pessoas já estavam “totalmente vacinadas”.

Segundo Gouveia e Melo, está a fazer-se uma média de 22 mil vacinas por dia, que é a média de vacinação exigida para se conseguir vacinar ao ritmo que se está a vacinar com as vacinas disponíveis.

“É uma média que ainda não exige soluções para além das soluções que estão estabelecidas e perfeitamente adequadas dentro do Serviço Nacional de Saúde”, disse, adiantando que no segundo trimestre essa média vai alterar-se.

“Vai subir para quatro vezes mais, porque haverá praticamente quatro vezes mais vacinas disponíveis e aí eventualmente terão que se montar soluções de vacinação mais rápida, apesar do sistema de saúde ainda conseguir responder a grande parte deste aumento de ritmo”, avançou.

No terceiro trimestre, acrescentou, “esse aumento ainda vai ser um bocado superior e, de certeza, que as soluções de alargar não só o processo de vacinação a outros agentes que permitam fazer a vacinação, mas também a postos de vacinação rápida será uma das soluções”.

A covid-19 já matou 14.354 pessoas em Portugal, entre os 767.919 casos de infeção detetados, segundo a Direção-Geral da Saíde.