Na quarta-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, revelou preocupação com um surto que, nas últimas semanas fez disparar o número de infetados na Póvoa de Varzim e, sobretudo, na cidade vizinha de Vila do Conde, onde foram confirmados pela autarquia local 173 casos ativos.

A câmara municipal poveira ainda não se pronunciou oficialmente sobre o número de pessoas infetadas no concelho, mas há quem fale, na cidade, na existência de algumas dezenas, numa situação potenciada pela proximidade geográfica, familiar e social com Vila do Conde.

"É natural que o surto passe de uma cidade para outra, porque convivemos e trabalhamos nos dois lados. Ainda hoje estive com familiares meus de Caxinas, e sei que há lá pessoa infetadas. Tento ter cuidado e uso sempre máscara, mas nunca se sabe", disse à agência Lusa, Armanda Silva, natural da Póvoa, enquanto passeava na marginal da cidade.

A professora confessou que o "assunto [do aumento de casos] tem sido falado", mas, apesar de confessar "alguns receios, não tem notado que tal impeça as pessoas de fazerem a sua vida normal.

"Sinto que as ruas estão mais vazia, mas já desde o início do verão, não por estes casos de que se fala agora. Parece-me que há menos pessoas a virem cá passar férias, mas ainda vemos muita gente nas praias, que não quer saber da covid", completou.

Na marginal da Póvoa de Varzim, o movimento continua a ser típico de época balnear e, apesar de nem todas as esplanadas estarem cheias, a cidade ainda é um destino preferencial para muitos turistas, sobretudo dos concelhos vizinhos do interior.

"Já tinha marcado um apartamento para as férias com a família nesta primeira quinzena [de agosto], e, apesar de se falar deste surto, não desisti. Há sempre o risco, mas tentamos ter cuidado. Não podemos estar a viver com medo", partilhou Joaquim Faria, operário em Guimarães, que usufruía de uma esplanada junto à praia.

Já Hugo Fernandes, que trabalha num café perto da marginal, não notou uma quebra de clientes devido aos relatos deste recente surto nas duas cidades, embora reconheça que tal tem sido tema de conversa frequente no estabelecimento.

"Todos os dias se fala disso, e quem vem de fora pergunta sempre se há novos casos. Na verdade, não sabemos porque não há muita informação. Dizem que são algumas dezenas, mas não é por isso que as pessoas deixam de vir", partilhou.

Evidente é uma quebra, em comparação com o ano anterior, em termos de clientes nos espaços de restauração e bebidas da cidade, mas que já se vem constando desde julho.

"Até estamos a trabalhar bem, mas é raro haver aquelas 'avalanches' de pessoas típicas do mês de agosto. Acho que os turistas não vêm devido às dificuldades económicas e não por terem medo do vírus, ou destes casos que agora se fala", analisou Hugo Fernandes.

Já Fátima Cunha, presidente da Associações de Concessionários das Praias da Póvoa de Varzim, falou em "quebra significativa" no volume de negócios, também apontando para uma eventual menor disponibilidade financeira dos visitantes.

"Há esplanadas vazias e muitas barracas de praia por alugar. Pelo que me dizem, aquelas pessoas que dantes vinham à Póvoa passar um mês inteiro de férias, optam por vir apenas uma semana ou até ficarem em casa nas suas cidades. Esperamos que na segunda quinzena [de agosto] a situação melhore, porque a quebra tem sido significativa", partilhou a dirigente à agência Lusa.

Segundo os dados mais recentes da Direção-Geral de Saúde foram registados, desde o início da pandemia, 242 casos de covid-19 na Póvoa de Varzim, enquanto que em Vila do Conde foram contabilizadas 496 pessoas que contraíram a doença.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 749 mil mortos, incluindo 1.770 em Portugal.