Esta é a convicção do presidente do conselho de administração, Fernando Regateiro, que, em declarações à agência Lusa, salientou a resposta dada por esta estrutura hospitalar na adaptação de espaços, nos circuitos dos doentes e na criação de respostas laboratoriais.
"Víamos outros países a entrar em situações difíceis e um Hospital como os CHUC não espera pela última moda, nem pelas últimas decisões ou que outros façam para fazer a seguir", sublinhou o responsável, que ativou o Plano de Contingência a 17 de março, embora muitas das medidas tivessem sido tomadas anteriormente.
Ainda antes das orientações da tutela, os hospitais de Coimbra começaram por suspender as aulas, as visitas a doentes internados, reduzir a circulação interna, alterar os circuitos internos e alocar espaços para os doentes de covid-19.
"Nos finais de janeiro, começámos a pensar de facto em como avançar e, durante o mês de fevereiro, decidimos e instalámos no Hospital Pediátrico um laboratório especificamente dedicado a testes da covid-19, que estava pronto no início de março", recorda Fernando Regateiro.
O presidente do conselho de administração acrescenta que, "em 27 de fevereiro já se estava a suspender temporariamente as aulas em enfermarias e a 05 de março estava-se a suspender todas as aulas teóricas e práticas de ensino clínico e estágio de todos os alunos", salientando que "tudo isto foi feito antes da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a pandemia".
"Uma das decisões que foi tomada muito precocemente foi a diferenciação de todo o Hospital Geral (Covões), com a adaptação do bloco central para tratamento da covid-19, o que significou a mudança de todos os doentes que lá estavam em enfermarias para outros destinos, nomeadamente para os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC)", explicou.
O funcionamento do serviço de urgência do Hospital dos Covões (Hospital Geral) foi também alargado para atendimento 24 horas, numa estratégia que, segundo Fernando Regateiro,"veio a dar bons frutos" no combate à pandemia.
Naquela unidade, situada na margem esquerda do rio Mondego, o CHUC construiu uma resposta de 34 camas em cuidados intensivos, quando só existiam 10, mas "felizmente não foi preciso utilizar a expansão, pois nunca se ultrapassou os 10 doentes ao mesmo tempo".
"Ficámos com uma margem de conforto e de resposta para doentes que precisassem dessa resposta, pois as camas e os ventiladores estavam lá prontos a funcionar", frisou.
Além daquelas 34 camas de cuidados intensivos, os HUC tinham de reserva mais 15.
A resposta à covid-19 não se esgotou no Hospital dos Covões e também contava com o serviço de doenças infecciosas dos HUC, que tem 22 camas, cinco delas com pressão negativa em quartos individuais.
A administração procedeu ainda a uma alteração "importante" na urgência dos HUC, com a mudança da urgência cirúrgica e a localização nessa área da resposta a doentes com patologias pulmonares ou queixas respiratórias, "que são mais propícias a trazerem com elas uma infeção com SARS-CoV2".
"As outras áreas ficaram para doentes não respiratórios, o que significa que, para adultos, acabámos por ter três tipologias de urgência: uma dedicada a doentes ou suspeitos da covid-19 no Hospital dos Covões, uma para doentes com queixas respiratórias e outra para os restantes doentes nos HUC", realçou Fernando Regateiro.
O Hospital Pediátrico foi também preparado com a criação uma sala na urgência com pressão negativa, a adaptação de uma sala operatória com pressão negativa e alocados espaços e quartos de isolamento para covid-19 e os circuitos internos desenhados.
Durante o pico da pandemia, a urgência dos HUC viu o número de pessoas reduzir drasticamente, para menos de metade em relação ao ano passado, mas a semana de 04 a 11 de maio confirmou já uma subida do número de doentes, enquanto a urgência do Hospital dos Covões regista uma tendência inversa, com uma redução acentuada de procura.
O CHUC não suspendeu totalmente as consultas e as intervenções cirúrgicas programadas durante os primeiros dois meses da pandemia de covid-19, tendo incrementado as consultas não presenciais.
"Entre 16 de março e antes do final de abril, no espaço de cinco semanas, teremos visto 50 mil doentes em consultas, o que não é despiciendo", sublinhou Fernando Regateiro, acrescentando que foram ainda realizadas 1.200 cirurgias.
Em cerca de dois meses, de 12 de março a 14 de maio, o CHUC registou 70 mortes causadas pela pandemia da covid-19 entre mais de um milhar de infetados registados.
Durante aquele período, o CHUC o registou 260 internamentos, dos quais 24 em unidades de cuidados intensivos e deu alta médica a 145 pessoas.
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