Durante a conferência “Rumo a um nós cada vez maior”, promovido pelo Fórum das Organizações Católicas para a Imigração e Asilo e que se realiza em Lisboa para assinalar o Dia Internacional dos Migrantes, António Vitorino destacou numa mensagem gravada a diferença nas taxas de vacinação dependendo da zona do globo em que os cidadãos se encontram.

“A pandemia impactou a economia dos estados, mas este também é o ano em que, à data de novembro de 2021, apenas 7,46% das pessoas em países em vias de desenvolvimento foram vacinadas com pelo menos uma dose, em comparação com 63,8% das pessoas nos países desenvolvidos”, comparou o diretor-geral da OIM.

Segundo António Vitorino, é necessário alterar essa realidade “se quisermos reconstruir o mundo e as economias, na sequência desta pandemia”.

Presente na sessão, a secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, informou estarem vacinados neste momento em Portugal “516 mil estrangeiros”.

António Vitorino sublinhou que aproximadamente 281 milhões de pessoas são migrantes internacionais, representando 3,6 % da população global, e acrescentou o “número impressionante” de 55 milhões de pessoas deslocadas internamente no final de 2020, “acima dos 51 milhões de 2019”, movimentos “voluntários ou forçados”, mas que “afetam ou afetarão significativamente as características e a escala da emigração no futuro”.

Parafraseando o Papa Francisco durante a sua visita à Grécia: “Se não resolvermos o problema da migração, corremos o risco de fazer naufragar a civilização, não só do Mediterrâneo, mas toda a nossa civilização”.

Vincando o contributo dos migrantes com os seus conhecimentos e redes “para construir comunidades mais fortes e resilientes”, o diretor-geral da OIM pediu que não se deixe naufragar a civilização, sublinhando “os benefícios de uma gestão ordenada e humana da migração, como a OIM tem feito nos últimos 70 anos”.