“Esta pandemia só nos veio alertar de que temos de ter mais cultura científica. Este dia, este ano, é mais significativo do que nunca”, afirmou, em declarações à Lusa, o ministro da Ciência e Ensino Superior.
À margem da celebração do 30.º aniversário do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) da Universidade Católica do Porto, Manuel Heitor afirmou que, apesar da relação entre a ciência e a sociedade ser “exemplar”, ainda não está “ganha” e que é preciso “fazer mais”.
“Portugal tem hoje metade dos jovens no ensino superior, não chega. Temos de ter mais. Portugal cresceu muito no esforço de investigação, mas não chega. Temos de fazer mais”, afirmou, acrescentando que a situação vivida em Portugal “não é atípica do resto do mundo”.
“Não tomaria nunca esta situação que hoje vivemos em Portugal como uma situação ganha. É um desafio para todos, para as pessoas acreditarem na ciência, mas também para os cientistas acreditarem nas pessoas”, salientou.
O ministro lembrou que em diferentes partes do mundo “há uma crescente desconfiança face aquilo que é o conhecimento científico” e que por essa razão é fundamental que a relação entre a ciência e a sociedade se torne mais resiliente.
“Esta resiliência que temos de criar só se pode fazer com mais educação, com perguntas melhores e uma relação de maior abertura dos cientistas para a sociedade e da sociedade para a ciência”, defendeu.
Manuel Heitor considerou ainda que o fortalecimento da relação entre a sociedade e a ciência permitirá encontrar “uma situação de maior equilíbrio” entre a atividade económica e a preservação do ambiente.
“Sabemos hoje que não temos conhecimento para o fazer [encontrar o equilíbrio], não temos o contexto institucional adequado e, portanto, temos de evoluir muito nesse sentido”, sublinhou, acrescentando que pandemia da covid-19 veio reforçar a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre a promoção e preservação.
“Isto tem tudo a ver com a pandemia, porque a pandemia resultou de um desequilíbrio entre a atividade económica e o nosso planeta terra e esse equilíbrio passa por termos atividades económicas e sociais mais sustentáveis e uma sociedade com mais ciência, mais confiança no conhecimento e com mais conhecimento”, referiu.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.397.322 mortos resultantes de mais de 59,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 3.971 pessoas dos 264.802 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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