“Os cidadãos não podem descurar as medidas porque nós não sabemos [se o calor tem influência no abrandamento]. Este vírus ainda não se deixou estudar completamente. Há coisas que não sabemos e temos de ter a humildade de dizer que não sabendo, temos de continuar a vigiá-lo e a tomar medidas para o pior cenário”, disse Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde, que falava aos jornalistas na conferência de imprensa diária de ponto de situação sobre a pandemia de COVID-19 em Portugal, foi questionada sobre estudos e teorias que dão conta de que o novo coronavírus, que é já responsável pela morte de mais de 328 mil pessoas, reage bem ao calor.
“A questão da temperatura é uma questão que todo o mundo acompanha com ansiedade. Os outros coronavírus, os quatro que são sazonais, são sazonais porque aparecem sobretudo no outono e no inverno e começam a ter uma atividade muito baixa na primavera e no verão. Se este vírus tiver este comportamento vamos ter um alívio de casos no verão, mas não temos a certeza”, sublinhou a diretora-geral.
Graça Freitas frisou a necessidade de “continuar a vigiar” e, como exemplo face à incerteza do comportamento do vírus, lembrou o caso de Singapura.
“Não podemos nem por um momento descurar a vigilância epidemiológica, a monitorização dos casos, o isolamento dos casos. Estamos todos, à escala planetária, à espera do verão para ver o comportamento do vírus. Singapura está no Equador e teve surtos. É um país quente e teve de controlar casos. Temos de ter cuidado e estar muito atentos em relação à temperatura”, concluiu.
Num dia em que no mundo se ultrapassou os cinco milhões de infetados e quanto Portugal, que entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade, está numa nova fase de combate à COVID-19, a qual prevê a reabertura de alguns espaços como creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos, lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios, ao secretário de Estado da Saúde foi pedido um balanço sobre o desconfinamento.
“Ainda não estamos em tempo de balanço. Estamos ainda em tempo de dar respostas. É importante passar a mensagem [de equilíbrio] entre o ‘Fique em casa’ e o ‘Retome a sua atividade’. É importante que as pessoas percebam que continua a haver um critério de salvaguarda e contenção. É do ponto de equilíbrio que vai resultar com certeza no futuro um balanço favorável”, disse António Lacerda Sales, elogiando, por fim, os portugueses por “evidenciarem responsabilidade, civismo e consciência social”.
Portugal contabiliza 1.263 mortos associados à COVID-19 em 29.660 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia. Relativamente ao dia anterior, há mais 16 mortos (+1,3%) e mais 228 casos de infeção (+0,8%).
Das pessoas infetadas, 609 estão hospitalizadas, das quais 93 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados é de 6.452.
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