“Quando nós falamos de imunidade de grupo nenhum país consegue suportar o resultado”, afirmou, em entrevista à Lusa, Chunming Yan.

Com uma taxa de letalidade de “sete por cento” entre os infetados e num contexto em que a imunidade de grupo só se atinge quando “60 ou 70 por cento das pessoas” tiverem contacto com a doença, isso significaria, só no caso de Portugal, mais de uma centena de milhar de mortos, disse o médico, licenciado em medicina integrada na China, que inclui ciência ocidental e práticas tradicionais.

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A melhor solução, defendeu, é manter restrições para diminuir e controlar a presença do vírus, até porque a esperança que seja encontrada uma vacina pode não se concretizar. O coronavírus responsável pelo SARS surgiu em 2003 e até hoje ainda não foi descoberta qualquer vacina, recordou Chunming Yan.

“Temos a esperança de se conseguir obter em breve a primeira vacina” para a covid-19 e só depois será possível o regresso total à normalidade.

A viver em Portugal há 15 anos, Chunming Yan nunca se sentiu discriminado por causa da pandemia ou do discurso que associa a doença ao “vírus da China”.

“O povo português é um povo muito diferente de outros países europeu” e “não tem a opinião de discriminar outros imigrantes”, disse, salientando que nunca sentiu qualquer tipo de racismo ou atitudes xenófobas por parte dos portugueses.

Pai de dois filhos, nascidos em Portugal, e casado com uma portuguesa, o médico chinês, que vive em Cantanhede, espera que as escolas e o sistema de ensino cumpram as “regras da Direção Geral da Saúde” para acolher as crianças.

“As escolas devem cumprir bem as regras” perante o risco de “novas contaminações” por parte dos alunos, avisou.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 382 mil mortos e infetou mais de 6,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,7 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.447 pessoas das 33.261 confirmadas como infetadas, e há 20.079 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.