Na prática está a falar-se de um aumento de capacidade dos chamados "testes de cura", ou seja testes de despistagem da doença para doentes comprovadamente positivos que têm de realizar colheitas até que estas determinem que estão curados, ou seja lhes permita ter alta.
Até aqui, as equipas do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ) realizavam as colheitas de amostras biológicas em casa do doente, mas graças ao "Covid Drive Thru", operacionalizado esta semana, vão poder mais do que triplicar a capacidade de realizar colheitas.
Este serviço destina-se a doentes que estão a recuperar em casa e têm mobilidade. Feita a marcação, os doentes chegam na sua própria viatura a um espaço criado no Hospital de São João totalmente independente e isolado de outros serviços, nomeadamente as urgências ou a tenda do hospital de campanha instalada no parque de estacionamento, e, sem sair do seu carro, fazem a colheita necessária ao teste que irá determinar se podem ou não ter alta.
"O objetivo é automatizar a colheita e fazer a cada cinco dias até as pessoas terem dois resultados negativos", descreveu à agência Lusa Pedro Palma Martins, médico de doenças infecciosas do CHUSJ e responsável por este novo sistema.
Num hospital que regista, à data de hoje, 73 doentes covid-19 curados, tem 170 internados e 1.339 em ambulatório, ou seja em casa, Pedro Palma Martins acredita que pelo menos 300 atualmente, das que estão nos seus domicílios, estejam em condições de fazer o teste para avaliar a recuperação.
Até aqui, esse teste era feito com a visita de uma equipa, num total de cerca de 20 domicílios por dia, mas só o "Covid Drive Thru" somará a essa resposta cerca de 70 testes por dia.
"Fazemos o seguimento de doentes com doença ligeira que estão no domicílio através de teleconsulta. Seguimos as recomendações internacionais e europeias. A partir do sétimo dia de doença avaliamos se o doente já não tem febre há mais de três dias, se já tem resolução de sintomas. A marcação para um 'teste de cura' [em casa ou no novo 'Drive Thru'] ronda a segunda ou terceira semana de doença", descreveu o médico de doenças infecciosas.
Já a enfermeira diretora, Filomena Cardoso, contou que "esta pandemia tem criado grandes desafios", razão pela qual os serviços e os profissionais têm vindo a "montar as respostas novas conforme as necessidades que vai tendo", como é o caso do "Covid Drive Thru" que permite ao doente fazer o teste "mais rápido" e de forma "confortável".
Outra das vantagens, contou a enfermeira, é a poupança com material de proteção individual, uma vez que as idas a domicílios obrigam a um maior gasto de materiais.
"Quantos mais testes de cura fizermos, mais possibilidades temos de ir rastreando doentes que já negativaram e poderemos mais rapidamente um maior número de doentes com testes negativos", referiu Filomena Cardoso.
O "Covid Drive Thru" localiza-se no acesso ao Hospital de Dia de Ambulatório, através de uma rua independente à da entrada principal do hospital.
As colheitas são agendadas pelas equipas do CHUSJ, dependendo do tempo de evolução da infeção e da previsibilidade da sua recuperação biológica.
Nos serviços de teleconsulta, domicílios e 'drive thru' trabalham médicos infecciologistas, imunoalergologias, bem como de anatomia patológica e da dermatologia, enfermeiros do centro de ambulatório, entre outros profissionais.
Também os operacionais dos serviços administrativos "mostraram grande generosidade", disse à Lusa Pedro Palma Martins, elogiando e agradecendo, igualmente, aos técnicos da informática que "criaram um sistema muito simples que permite automatizar tudo".
De acordo com os responsáveis do CHUSJ, o laboratório tem dado resultados em cerca de um a dois dias.
O número total de testes que atualmente estão a ser feitos no Hospital São João, somando rastreio e "testes de cura" ronda os 1.200.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 87 mil.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.
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