"Neste momento, a vigilância epidemiológica é de fundamental importância, assim como eventualmente, para esta região ou pelo menos para alguns dos concelhos, considerar-se o atrasar das medidas prevista para dia 01 de junho é algo que tem de ser debatido e foi assumido por parte do Governo que essa reflexão será feita antes do Conselho de Ministros de amanhã [sexta-feira]", afirmou o social-democrata.
Batista Leite falava aos jornalistas no final de mais um encontro com especialistas sobre a "situação epidemiológica da covid-19 em Portugal", o sétimo desde o início da pandemia, em março, e indicou que alguns concelhos desta região estão a causar preocupação relativamente ao número de novos casos.
Questionado se se trata de uma reabertura do país por regiões, a duas velocidades, o deputado do PSD respondeu que "o Governo disse que iria ponderar eventualmente uma resposta diferenciada para a região de Lisboa, mas não foi taxativo nessa resposta".
"Tudo o que possa agregar pessoas em espaços fechados, correspondendo a um maior risco, tem de ser ajuizado com muito cuidado por parte, neste caso, do Governo, que terá de refletir naturalmente o encerramento dos espaços" como centros comerciais, advogou Ricardo Batista Leite, ressalvando que o executivo "tem muitos mais dados" do que os partidos ou a sociedade civil, para basear essa decisão.
O vice-presidente da bancada parlamentar do PSD indicou que a situação no "Norte e Centro está controlada" mas indicou que o partido está preocupado “com a situação que se passa na região de Lisboa e Vale do Tejo”, uma vez que os dados disponibilizados hoje mostram que esta zona do país “é a única” onde “não se verifica uma descida contínua do número do óbitos”, havendo inclusivamente “uma ligeira inversão da curva”.
“Aquilo que será de esperar, com base nos peritos, é que possa haver nos próximos dias um aumento do número de internamentos e, consequentemente, de doentes em cuidados intensivos”, sendo por isso “uma matéria que exige uma vigilância epidemiológica muito forte na região de Lisboa e Vale do Tejo”, salientou.
De acordo com o deputado, os concelhos "onde o foco é particularmente mais relevante" são a Amadora, Loures, Odivelas, Barreiro ou Azambuja.
Ricardo Batista Leite assinalou igualmente que o responsável pela saúde pública desta região "deixou muito explícito nesta reunião que os profissionais de saúde pública de Lisboa e Vale do Tejo atingiram, muitos deles, um esgotamento" de vido ao volume de trabalho que lhes é exigido devido à pandemia.
"Num momento em que nós precisamos, de facto, da vigilância epidemiológica de elevada qualidade, nós não podemos comprometer a capacidade de resposta do nosso dispositivo de saúde pública", alertou.
Apontando que "nas últimas duas semanas 40% das pessoas que precisavam de urgências hospitalares não foram aos hospitais, não foram ao serviço de urgência por medo", o deputado social-democrata pediu aos portugueses que "não deixem de recorrer à Linha Saúde 24" e aos cuidados de saúde.
Esta é a sétima reunião deste género, com especialistas, Presidente, Governo, líderes partidários e parceiros sociais, e na qual foram apresentados e analisados os dados relativos às primeiras duas fases de desconfinamento, um dia antes do Conselho de Ministros se reunir para decidir sobre a terceira fase de reabertura, prevista para dia 01 de junho.
Portugal contabiliza 1.369 mortos associados à covid-19 em 31.596 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje.
Relativamente ao dia anterior, há mais 13 mortos (+1%) e mais 304 casos de infeção (+1%).
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