“Há decisões que são políticas e não da Comissão de Luta contra a Pandemia [dos Açores]. Em regra, as recomendações [da comissão] têm sido seguidas. Neste caso, não estamos a ir contra. Não estamos a decidir, ainda”, disse Clélio Meneses em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, em resposta a questões dos jornalistas.
Confrontado com as declarações feitas na quinta-feira pelo Presidente da República sobre a vacinação dos mais novos, o secretário regional frisou que “cada situação tem o seu tempo”, que a prioridade nos Açores é atingir 70% da população vacinada e, “entretanto, haverá segurança científica” relativamente à inoculação a partir dos 12 anos.
De acordo com Clélio Meneses, mesmo que o Governo Regional decidisse, agora, “vacinar estes jovens, eles não seriam vacinados no imediato”.
“Cada situação no seu tempo. Entretanto, haverá segurança científica que diga que esta vacinação é adequada. Há quem o defenda e respeitamos. Há quem coloque algumas dúvidas. Enquanto especialistas assumem e assentam as suas posições, vamos fazendo o que nos compete, que é vacinar a população”, explicou.
Sobre este tema, o governante disse ainda que o combate à pandemia se faz, “sobretudo, com pragmatismo”.
“Não vale a pena estar com previsões ou decisões que não são exequíveis no imediato. A nossa primeira meta é vacinar 70% da população”, vincou.
Questionado sobre a recomendação da comissão regional de luta contra a pandemia no sentido de as crianças a partir dos 12 anos serem vacinadas, Clélio Meneses alertou que “há decisões que são políticas e não são da comissão da pandemia”.
Sobre a demissão do coordenador da comissão, Gustavo Tato Borges, o secretário regional começou por dizer que “a luta contra a pandemia cada vez mais vai tendo contornos que não são os que levaram à necessidade de um acompanhamento mais permanente” e que, “a partir de agora”, o combate se faz “sobretudo a partir do processo de vacinação”.
“Confirmo que Gustavo Tato Borges entende que o seu percurso no combate à pandemia tinha um limite. Como todos os açorianos sempre desejamos. É um processo natural. Quando uma pessoa tem uma missão e essa missão está em vias de [estar] concluída. É a posição de Gustavo Tato Borges, a quem mais uma vez agradecemos”, disse.
O Presidente da República considerou na quinta-feira que as dúvidas relativas à vacinação das crianças entre os 12 e 15 anos não são “tanto dúvidas de princípio, quanto de momento”, afirmando que “tudo tem o seu tempo”.
“As dúvidas que existem quanto à vacinação em idades mais baixas não são tanto dúvidas de princípio quanto de momento. Não se discute o princípio, diz-se que ‘nesta fase ainda não'”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
A DGS recomendou na sexta-feira a administração de vacinas contra a COVID-19 em crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades.
Segundo a norma que define as doenças prioritárias para vacinação entre os 12-15 anos, devem ser vacinadas prioritariamente contra a covid-19 as crianças que tenham cancro ativo, diabetes, obesidade, insuficiência renal crónica, entre outras patologias.
Para a DGS, deve ser dada a possibilidade de vacinação a todas as crianças desta faixa etária por indicação médica e segundo a disponibilidade de vacinas, remetendo uma decisão sobre o acesso universal para quando houver dados disponíveis adicionais sobre a vacinação nestas idades.
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