“Não há evidência científica, neste momento, para dizer que a terceira dose é necessária e, enquanto não houver evidência científica, não devemos começar a criar uma imagem que vem aí qualquer coisa e temos que ir já para uma terceira dose”, afirmou.
Falando aos jornalistas no final de uma visita ao Centro de Vacinação COVID-19 de Évora, o coordenador da task force, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, apontou a necessidade de se “esperar pela evidência científica” para se tomar uma decisão.
Questionado sobre a hipótese de se realizarem testes à imunidade nos lares, o responsável, recorrendo ao que disse ter ouvido “dos técnicos de saúde”, considerou que a medida “pode não ser suficiente” para dar uma ideia da situação.
“A medida de anticorpos pode não ser suficiente para nós percebermos se estamos ou não protegidos contra o vírus, porque nas Células T há memória do vírus e as Células T em presença do vírus criam anticorpos”, disse.
Nesse sentido, realçou Gouveia e Melo, se forem medidos os anticorpos a uma pessoa que “não teve contacto com o vírus recentemente”, esta “pode ter os anticorpos a zero”, mas isso “não significa que não tenha defesa para o vírus”.
“Agora, começo a medir os anticorpos na população e, se não houver o vírus, chego à conclusão que ninguém está protegido e, depois, se calhar, vou ter que vacinar outra vez, sem motivo nenhum”, advertiu.
O coordenador da task force para a vacinação aludiu a “estudos” sobre as Células T que “indicam, exatamente, o contrário”, nomeadamente que a imunidade “fica adquirida por um longo período, se não para a vida toda”.
“Portanto, temos de esperar para que esses estudos se desenvolvam”, acrescentou.
Sobre os surtos ativos de infeção pelo SARS-CoV-2 em lares de idosos, o responsável lembrou que “a vacina não é 100% eficaz”, pelo que “os surtos aparecem”, mas vincou que “a consequência é complemente diferente do que era há três meses”.
“As pessoas que morrem com a vacinação concluída são uma percentagem ínfima e, se formos ver, apesar de estarem infetadas, não estão a morrer da infeção”, mas sim “de outras complicações”, devido à idade e situação de saúde.
Segundo o vice-almirante Gouveia e Melo, a proteção que a vacina oferece “é gigantesca e isso é evidente”, uma vez que agora “estão a morrer 30 a 40 vezes menos” pessoas do que em janeiro deste ano.
“É o vírus que deixou de ser agressivo? Não, o vírus até é mais agressivo e propaga-se muito mais rapidamente. É fruto da vacinação”, acentuou, apelando aos portugueses para que “tenham confiança” nas vacinas.
As autoridades de saúde contabilizavam, na quinta-feira, 53 surtos ativos de infeção pelo SARS-CoV-2 em lares de idosos, de acordo com números disponibilizados, nesse dia, pela Direção-Geral da Saúde.
Também na quinta-feira, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, sugeriu que se deveria pensar em “testes à imunidade” nos lares e que uma terceira dose das vacinas poderia ser uma das hipóteses estudadas pelas autoridades, como França decidiu fazer, com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, a anunciar uma campanha de terceiras doses dirigidas aos “mais frágeis e mais velhos”.
A pandemia de COVID-19 fez pelo menos 4.247.424 mortos em todo o mundo, entre mais de 200,1 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, desde que a OMS detetou a doença na China em finais de dezembro de 2019, segundo o balanço da AFP com base em dados oficiais.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.422 pessoas e foram registados 979.987 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.
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