"Aqueles que assistiram Chernobyl [a série] entenderão o que aconteceu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pelos chineses. (...) Uma ditadura preferia esconder algo sério do que expô-lo com desgaste, mas isso salvaria inúmeras vidas. (...) A culpa é da China e a liberdade seria a solução ", escreveu Eduardo Bolsonaro, na terça-feira, na conta no Twitter.

Ao saber da publicação, o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, expressou "repúdio" e a "indignação" da China pelas declarações de Eduardo Bolsonaro e também exigiu um pedido de desculpas em mensagens publicadas em sua conta no Twitter. 

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"A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação", respondeu o embaixador, que mencionou na resposta o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, e o Presidente da câmara baixa parlamentar, Rodrigo Maia.

A embaixada do país asiático também respondeu às declarações do filho do Presidente brasileiro, a quem descreveu como "extremamente irresponsável" e de quem disse que as suas palavras "pareciam familiares", em referência ao Presidente norte-americano, Donald Trump, muito apreciado pela família Bolsonaro.

"Suas palavras são extremamente irresponsáveis e parecem familiares. Elas continuam sendo uma imitação de seus queridos amigos. Ao retornar de Miami [onde os presidentes Trump e Bolsonaro se encontraram recentemente], ele infelizmente contraiu um vírus mental que está infetando as amizades entre os nossos povos", escreveu embaixada da China no Brasil em sua conta oficial no Twitter.

A missão diplomática do país asiático também disse na rede social que o deputado não tinha "visão internacional" e "bom senso" e recomendou que ele "não se apressasse em ser o porta-voz dos Estados Unidos no Brasil".

Diante do alvoroço causado pelas declarações, Rodrigo Maia, presidente da câmara baixa parlamentar, pediu desculpas e descreveu as palavras do filho de Bolsonaro como "impensadas".

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e uma das principais fontes de investimento estrangeiro no país sul-americano.

Segundo dados oficiais, o comércio bilateral entre as duas nações aumentou de 3,2 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros) em 2001 para 98 mil milhões de dólares (90,8 mil milhões de euros) em 2019.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 220 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.900 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 85.500 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 176 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália, com 2.978 mortes em 35.713 casos, a Espanha, com 767 mortes (17.147 casos) e a França com 264 mortes (9.134 casos).

A China anunciou hoje não ter registado novas infeções locais nas últimas 24 horas, o que acontece pela primeira vez desde o início da pandemia. No entanto registou 34 novos casos importados.

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