“Não encontrámos evidência de risco aumentado de trombose venosa cerebral associado às vacinas de mRNA (Pfizer e Moderna). Relativamente à vacina baseada vetor adenoviral mais utilizada na Europa, a vacina da AstraZeneca, os dados confirmam que o risco do síndroma raro de trombose venosa cerebral e trombocitopénia depende da idade”, disse hoje à agência Lusa a coordenadora do estudo Diana Aguiar de Sousa.
O estudo, cujos resultados foram publicados na revista Neurology visou “definir a incidência na Europa” desta complicação “extremamente rara” que foi descrita em março em relação com a vacina da AstraZeneca, explicou a neurologista do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN).
Na altura, os dados eram ainda limitados e a maior parte dos países adotou políticas de restrição relativamente à idade, utilizando a vacina da AstraZeneca em grupos etários mais idosos pela suspeita de que existia um risco superior nas camadas mais jovens.
O estudo, que envolveu investigadores de vários países, pretendeu não só quantificar o risco deste tipo de trombose para cada uma das quatro vacinas aprovadas na Europa, como especificar esse risco para cada grupo etário, disse Diana Aguiar de Sousa.
Para isso, utilizaram dados de farmacovigilância de 31 países europeus até 13 de junho de 2021, que são recolhidos sistematicamente num registo suportado pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, sigla em inglês) e dados públicos sobre o número de primeiras doses de vacina contra a covid-19 administradas por semana e por faixa etária, provenientes do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doença.
Segundo a investigadora, nos 31 países estudados e durante este período, foram administradas 228 milhões de primeiras doses de vacinas contra a covid-19 e notificados 550 casos, sendo que 276 tinham trombocitopenia, uma manifestação que sugere que possa haver associação com esta síndrome, e 274 não tinham este marcador.
“Utilizando estes dados, podemos confirmar efetivamente, por um lado, a segurança relativamente a este tipo de eventos trombóticos das vacinas baseadas em mRNA”, tendo-se verificado que não existia evidência de risco aumentado de trombose venosa cerebral, associada ou não a trombocitopénia.
Por outro lado, salientou, foi possível confirmar que, em relação às vacinas adenovirais, nomeadamente a da AstraZeneca, “o risco aumentava em idades mais jovens”, apesar de o risco absoluto “ser sempre muito baixo”, uma vez que “é uma complicação extremamente rara”.
Adicionalmente, vincou que, “destes, há casos que poderão efetivamente ser associados a esta síndrome rara e casos que não o serão, que ocorrem na população em geral como já aconteciam antes da pandemia”.
“No que diz respeito à trombose venosa cerebral, os dados deste estudo vêm apoiar e quantificar a segurança das políticas de vacinação que têm sido adotadas pela maioria dos países Europeus”, declarou Diana Aguiar Sousa.
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