A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) confirmou à agência Lusa a vacinação de 126 pessoas do CDSSS, que integravam a lista com a diretora Natividade Coelho, militante do PS, bem como diretores de unidade e de núcleo, mas não assumiu a responsabilidade pela inclusão de dirigentes e funcionários daquela instituição pública que foram vacinados antes de muitos profissionais de saúde, bombeiros e utentes de lares.

A vacinação de 126 funcionários da Segurança Social de Setúbal contra a covid-19 foi noticiada na quinta-feira pela SIC, que adiantou ainda que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social ordenou um inquérito com caráter de urgência.

“Compete às entidades/instituições que acolhem idosos fazer o levantamento, identificação e listagem das pessoas a vacinar e aos Agrupamentos de Centros de Saúde proceder à vacinação das pessoas identificadas por cada instituição”, referiu a ARSVLT, em resposta a perguntas da agência Lusa.

A ARSLVT acrescentou ainda que “a aplicação do Plano de Vacinação contra a covid-19, em especial a vacinação de residentes e profissionais de lares, envolve diversas entidades”, esclarecendo que o ACES Arrábida (Agrupamento de Centros de Saúde Arrábida) “recebeu a listagem onde constava o nome da instituição, bem como o número de pessoas a vacinar, tendo, assim, vacinado 126 pessoas da referida instituição, no dia 21 de janeiro”.

O PSD de Setúbal já pediu, entretanto, a demissão da diretora do CDSSS, “caso se confirme que recebeu a vacina da covid-19 quando ainda há profissionais de saúde, bombeiros e utentes de lares por vacinar”.

“O que aconteceu é algo de muito grave. A ministra da tutela [ministra do Trabalho] não tem outra alternativa senão demitir a Diretora da Segurança Social de Setúbal”, defendeu, em comunicado, o presidente da Comissão Política Distrital do PSD de Setúbal, Paulo Ribeiro.

“Já todos percebemos que o plano de vacinação do Governo tem vindo a falhar, assim como toda a gestão da pandemia, mas situações como esta descredibilizam todo o sistema e o combate à covid-19″, sublinhou o presidente da distrital de Setúbal do PSD, lembrando que ainda há muitos médicos, enfermeiros, bombeiros e centenas de utentes de lares à espera da vacina para a covid-19.

Mais cauteloso, o presidente da Federação Distrital do PS de Setúbal e atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes, lembrou que a ministra do Trabalho já “ordenou um inquérito urgente”.

“A nossa expetativa, é que os resultados desse inquérito apareçam com a urgência que foi solicitada, tirando-se daí todas as consequências que tiverem de ser tiradas”, disse à agência Lusa o dirigente socialista.

Armindo Miranda, responsável pela Organização Regional do PCP de Setúbal, considerou tratar-se “um mau exemplo, em desrespeito pelos critérios nacionais”, mas defendeu que se deve aguardar pelo resultado do inquérito do Ministério do Trabalho e pelas explicações da diretora do CDSSS.

“É um mau exemplo se as direções regionais dos Centros Distritais de Segurança Social começarem a ignorar os critérios nacionais e a estabelecer os seus próprios critérios, com exemplos destes que só veem aumentar a insegurança das pessoas face à pandemia”, disse Armindo Miranda.

A agência Lusa tentou ouvir a diretora do CDSSS, Natividade Coelho, mas não foi possível em tempo oportuno.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.191.865 mortos resultantes de mais de 101 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 11.886 pessoas dos 698.583 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.