António Costa falava em declarações aos jornalistas, no Castelo de Elvas, no distrito de Portalegre, tendo ao seu lado o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, após as cerimónias oficiais que assinalaram a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha em que também estiveram presentes o rei de Espanha, Filipe VI, e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Confrontado com as críticas feitas por Fernando Medina à forma como as autoridades de saúde estão a gerir e a combater a pandemia da COVID-19 na Área Metropolitana de Lisboa, o primeiro-ministro optou por desdramatizar.

"O trabalho conjunto está a ser feito. Eu tenho acompanhado a frustração de muitos dos autarcas, mas também a vontade de trabalharem em conjunto com o Governo e de apoiarem o Governo nas medidas que temos vindo a tomar em conjunto com eles", respondeu António Costa.

Perante os jornalistas, o líder do executivo disse estar "bem consciente" dos problemas existentes em algumas zonas da Área Metropolitana de Lisboa, razão pela qual "há cerca de semana e meia reuniu-se juntamente com a ministra da Saúde [Marta Temido] com os presidentes de câmaras de Sintra, Amadora, Lisboa, Odivelas e Loures.

Neste contexto, António Costa referiu-se à ação da sua ministra da Saúde, apontando que já nessa altura tinha designado um gabinete de crise para o conjunto dos concelhos".

"Ninguém tem dúvidas de que é necessário reforçar a atividade. Por isso, nas últimas semanas, houve um esforço muito grande no sentido de reforçar os meios humanos da saúde pública nesta região e estão constituídas equipas multidisciplinares envolvendo pessoal da saúde comunitária, da saúde pública, da Segurança Social e das forças de segurança. Procura-se não apenas para acompanhar as pessoas que estão sob vigilância, mas também assegurar uma resposta pronta", sustentou o primeiro-ministro.

Nesta fase, de acordo com o primeiro-ministro, é fundamental o executivo seguir "a política de testar, testar, porque é fundamental para identificar entre as pessoas assintomáticas aquelas que estão sãs e as que não estão".

"E perante isso podermos isolar as que estão doentes antes que estejam sem o saber a pôr em risco a sua saúde e a saúde de todos os outros. Depois, identificando os casos positivos, temos de os isolar e, se possível em casa, sem pressão sob o sistema hospitalar", defendeu.

Nos casos em que se verifica que um cidadão infetado não tem condições de habitabilidade, António Costa salientou que "foi desenvolvido, através do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares [Duarte Cordeiro], um conjunto de realojamentos alternativos, desde instalações militares ou hoteleiras".

Mas, no combate à pandemia da COVID-19, sobretudo na periferia da capital, o primeiro-ministro considerou ainda essencial a presença da Segurança Social.

"Caso não se acompanhe o isolamento do apoio às famílias, muitas dessas pessoas, mesmo sabendo que têm de estar em isolamento, não podem deixar de sair para trabalhar e para ganhar a sua vida. Por isso, é fundamental que o apoio da Segurança Social seja imediatamente concedido, conjuntamente com a determinação de isolamento por parte da Saúde", justificou.

Para António Costa, estes dois braços da Segurança Social e da Saúde "têm de funcionar simultaneamente: A Saúde, tratando de testar e isolar; e a Segurança Social garantindo os meios de subsistência à família".

"Também importa que os municípios, com a sua rede social, assegurem o fornecimento dos bens que são necessários. É que as pessoas não podem sair de casa para se abastecer. Se não, aí há risco de contaminação", advertiu o primeiro-ministro, aqui numa alusão ao papel que tem de ser desempenhado ao nível do Poder Local.