Em comunicado, o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) diz que o recente anúncio da suspensão da vacina da AstraZeneca em Portugal está a gerar uma onda de desconfiança e descrença que importa combater.

O CEMP sublinha que deve haver um esforço de “clarificação e desmistificação de ideias infundadas que perturbem o combate à pandemia, no qual a vacinação assume um papel absolutamente preponderante”.

“Não podemos, por isso, deixar de apelar às autoridades de saúde nacionais que sustentem as decisões que afetam diretamente o plano de vacinação em Portugal em dados científicos factuais, combatendo, assim, um julgamento público infundado, que apenas alimenta a desconfiança dos(as) cidadãos(ãs) e o atraso de um processo que urge cumprir, pela saúde do país”, destaca.

De acordo com o CEMP, as evidências científicas que existem, não demonstram a necessidade de suspender a utilização de uma vacina que, até ao momento, foi administrada a cerca de 17 milhões de pessoas na Europa e Reino Unido, com uma incidência muito reduzida de efeitos secundários, e cujo nexo de causalidade não está demonstrado.

“É importante clarificar que estas decisões, que acreditamos terem sido tomadas por mera precaução, parecem decorrer da pressão de uma cobertura mediática do processo de vacinação que, em detrimento de fundamentos científicos, faz um juízo altamente precipitado sobre matérias relativamente às quais não pode existir uma análise meramente casuística”, refere o CEMP.

Portugal, tal como Espanha, Itália, Alemanha, entre outros países, decidiu na segunda-feira suspender temporariamente a administração da vacina da AstraZeneca.

Na terça-feira, no Porto, o primeiro-ministro, António Costa, observou que a vacina da farmacêutica AstraZeneca foi suspensa em Portugal por "uma mera precaução" e manifestou a sua convicção de que estará "tudo esclarecido" em termos de condições de segurança até ao final desta semana.

"É preciso que as pessoas compreendam o que está a ocorrer: Estas suspensões são meramente provisórias. A Organização Mundial de Saúde está a fazer uma reapreciação dos dados, a Agência Europeia do Medicamento vai pronunciar-se até ao final da semana e é por uma mera precaução que esta decisão foi tomada", justificou António Costa.