“O Governo português deve reconhecer os profissionais de saúde que são portugueses e que pedem há anos o seu reconhecimento profissional no país”, disse José Nascimento, em declarações à Lusa.
“Como é que os alemães ultrapassam a Ordem dos Médicos, há critérios diferentes?” – questionou o advogado lusodescendente na África do Sul, sublinhando que “um dos requisitos que a Ordem exige para que os profissionais lusodescendentes não residentes sejam reconhecidos profissionalmente no país é o domínio da língua portuguesa”.
“Esta questão de não quererem reconhecer os profissionais de saúde portugueses que se formaram na diáspora é muito séria, estão a morrer portugueses, estamos a pedir auxílio a outros países, os profissionais de saúde nos hospitais dizem na televisão que não têm recursos humanos, que não aguentam tanto trabalho, andam a dizer isso há tanto tempo”, adiantou à Lusa José Nascimento.
Sublinhando que há mais de 200 profissionais de saúde portugueses e lusodescendentes, falantes de português e espanhol, que não são reconhecidos profissionalmente em Portugal pelas respetivas Ordem dos Médicos e Ordem dos Enfermeiros, o conselheiro português referiu também que a atual situação em que se encontram esses profissionais pode expor o Estado a futuros “processos por danos”.
“É ter recursos e não os usar em tempos de crise onde morrem pessoas, não podem invocar desconhecimento de causa, porque esta questão aparece todos os dias na televisão”, frisou à Lusa o advogado e conselheiro da diáspora madeirense na África do Sul.
“Existe um dever e uma obrigação nestas circunstâncias de o Governo salvar vidas, a Assembleia da República pode legislar para remediar a situação e ultrapassar a Ordem”, adiantou José Nascimento, considerando a conduta das referidas ordens profissionais em Portugal como estando “acima do Governo”.
Uma equipa médica militar alemã constituída por 26 profissionais de saúde, entre os quais seis médicos, está em Portugal a ajudar no combate à pandemia da covid-19.
Mais de uma centena de médicos, alguns reformados, escreveram também hoje uma carta à ministra da Saúde, e enviada ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, a queixarem-se das barreiras administrativas que lhes foram levantadas quando se ofereceram para ajudar como voluntários no Serviço Nacional de Saúde.
Em Portugal, morreram 14.158 pessoas dos 765.414 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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