“Neste exercício cego de escolha à sorte de quem é que iria ser chamado para garantir aquelas tarefas de rastreio – obviamente indispensáveis – o Governo optou pelos docentes sem componente letiva, como se estes estivessem nas escolas sem fazer nada”, sublinha a estrutura sindical.

Entre as medidas anunciadas no sábado pelo primeiro-ministro, para vigorarem na primeira fase do estado de emergência, consta a possibilidade do envolvimento de professores sem componente letiva no rastreio de contactos, estando já sinalizados 128.

Em comunicado, a FNE criticou a medida, explicando que muitos desses docentes, apesar de não terem componente letiva, estão a prestar apoio em outras atividades que consideram ser relevantes na promoção do sucesso escolar e no combate ao abandono escolar, pelo que “não podem simplesmente ser eliminadas”.

Além dessas atividades, acresce ainda a sobrecarga de trabalho, com a substituição de colegas ou o apoio ao ensino a distância, e o problema da falta de professores que muitas escolas continuam a enfrentar a pouco mais de um mês do final do ano letivo, um outro fator para a FNE não compreender que estes profissionais possam agora vir a desempenha outras funções fora das escolas.

“O certo é que, ao desviar docentes da sua atividade principal, o Governo está a desvalorizar a resposta educativa de que os alunos portugueses precisam neste momento”, acusa a federação sindical.

Os representantes dos professores alertaram ainda para a falta da esclarecimentos sobe os critérios de seleção dos professores sinalizados e sobre o regime laboral associado, apontando também a falta de diálogo com os sindicatos.

“Ao tomar esta decisão sem consulta das organizações sindicais que representam estes trabalhadores, o Governo desvaloriza uma vez mais o diálogo e a concertação social como o caminho imprescindível para todas as circunstâncias, e particularmente na difícil conjuntura que vivemos”, lê-se no comunicado.