De acordo com Jorge Noel Barreto, até quarta-feira já estavam vacinados 52% dos profissionais de saúde do país, entre o setor público e privado, num processo de vacinação que arrancou em todas as ilhas em 19 de março, inicialmente apenas com recurso às 5.850 doses da vacina fornecidas pela Pfizer.

“Contamos até segunda ou terça-feira ter os profissionais de saúde vacinados”, disse Jorge Noel Barreto, admitindo que “alguns” desses trabalhadores do setor da saúde, identificados no plano nacional de vacinação contra a covid-19 como prioritários, optaram por não ser vacinados.

O diretor nacional acrescentou que o grupo prioritário seguinte no plano de vacinação, pessoas com mais de 60 anos, já pode inscrever-se através de uma linha própria, para começar a ser vacinado nos próximos dias.

“Ainda não está definido o calendário, mas depois de se inscreverem recebem uma mensagem sobre o dia, hora e local em que serão vacinados”, explicou, admitindo condicionalismos neste processo em função do total de pessoas a vacinar neste grupo em cada ilha.

Cabo Verde já registou 16.787 casos de covid-19 desde 19 de março de 2020, que provocaram 164 mortes por complicações associadas à doença. Do total de óbitos, 84% verificou-se na faixa acima dos 60 anos.

De acordo com Jorge Noel Barreto, o plano de vacinação em Cabo Verde foi reforçado desde quinta-feira com as vacinas já entregues pela AstraZeneca, depois de a Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) de Cabo Verde e a Direção Nacional de Saúde (DNS) terem recomendado o seu uso, com a confirmação da segurança das mesmas.

Cabo Verde recebeu 24.000 doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca em 12 de março e 5.850 da Pfizer dois dias depois, com o plano de vacinação nacional a iniciar-se em 19 de março, assumindo o Governo a meta de vacinar 70% da população até final do ano.

As doses já recebidas em Cabo Verde inserem-se num total de 108 mil a fornecer pela AstraZeneca ao abrigo da Covax, iniciativa fundada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa garantir uma vacinação equitativa contra o novo coronavírus.

“Em razão da eficácia comprovada da vacina Covidshield (Oxford/AstraZeneca) na prevenção da hospitalização e morte por covid-19, superando o risco raro de desenvolvimento de eventos tromboembólicos, ERIS e DNS recomendam prosseguir o Plano Nacional de Vacinação, uma vez que as evidências científicas confirmam a segurança na utilização das vacinas em causa”, lê-se numa diretiva conjunta das duas instituições, de 19 de março.

Para suportar esta decisão, as duas entidades recordam no documento que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) iniciou uma revisão dos casos de eventos tromboembólicos notificados, tendo concluído que “o benefício” daquela vacina “continua a superar os riscos de efeitos indesejáveis da vacina” e que “não está associada a um aumento no risco de formação de coágulos sanguíneos (eventos tromboembólicos) nas pessoas que receberam a vacina”.

Em 18 de março, um dia antes do início do plano de vacinação no arquipélago, foi feita uma cerimónia de antecipação, na Praia, com três médicas, duas enfermeiras e uma auxiliar do centro de saúde da Achada de Santo António a receberem a primeira dose da vacina.

“É um grande momento, que deve ser assinalado com muita confiança”, afirmou, na altura, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

A vacinação começou com os profissionais de saúde que trabalham na linha da frente do combate à pandemia, mas o plano de vacinação contra a covid-19 em Cabo Verde colocou nos grupos prioritários ainda os doentes crónicos, maiores de 60 anos, profissionais do turismo, professores, agentes da Polícia Nacional, Forças Armadas e elementos do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros, estimando-se a necessidade de 267.293 doses da vacina.