Segundo Pedro Gomes, mentor e coordenador do projeto, a aplicação "Camlion" (Camera Learning Vision) destina-se a ser usada "por entidades públicas e privadas, que tenham fluxo de pessoas no seu espaço".
"O objetivo é a deteção de comportamentos de risco e a combinação dos mesmos com variáveis ambientais e geográficas de forma a conseguir determinar precisamente o risco de contágio naquele local", explicou hoje o responsável à agência Lusa.
De acordo com Pedro Gomes, de 22 anos, residente na Covilhã e aluno do curso de Cibersegurança no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), o sistema "Camlion" é "compatível com qualquer dispositivo de recolha de imagem digital fixo (câmaras de segurança e câmaras fixas) e pode ser instalado de forma simples nos edifícios existentes".
"Uma das nossas prioridades foi a privacidade e asseguramos que o nosso ‘software' não guarda qualquer dado pessoal ou tipo de identificação", disse.
O sistema "adapta-se tanto a computador como a ‘smartphone' e gera alertas quando é detetado um grande aglomerado de pessoas ou se o risco de contágio na área é elevado".
"Em cima da mesa está também o desenvolvimento de uma ‘app' [aplicação] que seria disponibilizada ao público em geral, na qual seria possível ver o nível de risco nos espaços", adiantou.
De acordo com o mentor do projeto, "a facilidade de aplicação e a privacidade são os principais pontos" da tecnologia, cujo protótipo foi desenvolvido numa semana.
Pedro Gomes assume que a ideia ganha maior relevo numa altura em que os vários países estudam formas de levantar os confinamentos e "tem de haver garantias mínimas de segurança em espaços públicos".
"Além disso, vai ajudar as instituições a organizarem os seus espaços de forma a minimizar o risco de transmissão [de covid-19]", remata.
Com a aplicação desenvolvida pela equipa multidisciplinar liderada pelo estudante do IPG, é criado "um mapa de risco, fácil de perceber, onde são representadas as áreas de maior concentração de pessoas nos locais para que se possa planear o espaço de forma a evitar situações" que podem aumentar o risco de contágio.
A ideia foi apresentada no Hackathon Pan-Europeu #EUvsVirus, realizado no fim de semana pela União Europeia para encontrar soluções para serem aplicadas em tempos de pandemia e o retorno obtido "foi muito bom".
"Neste momento, estamos à procura de empresas ou entidades públicas que queiram colaborar com o projeto. Ainda estamos limitados em termos de equipamentos, desenvolvemos tudo a partir de casa, com os nossos computadores pessoais, mas a aplicação funciona e com a ajuda certa pode ser aplicada em grande escala, tanto a nível nacional como a nível europeu visto que respeita o regulamento de proteção de dados", disse.
A equipa que desenvolveu o projeto, para além de Pedro Gomes, inclui Fernando Melo Rodrigues e Filipe Caetano (professores no IPG), Pedro Coelho (aluno no Instituto Superior Técnico), Clarissa Pereira e Dimeji Mudele (especialistas em Computer Vision) e Leticia Lucero (investigadora de biologia molecular e celular).
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