Nas suas recomendações publicadas esta segunda-feira (13), a Academia Nacional de Ciências Leopoldina defendeu um retorno "em etapas" à normalidade se, em particular, os números de novas contaminações "estabilizarem num nível baixo" e se "medidas de higiene forem mantidas".
É com base nas conclusões desta instituição que a chanceler Angela Merkel de deve pronunciar na quarta-feira, junto com os chefes dos 16 estados regionais, sobre as medidas de contenção lançadas em meados de março e planeadas até 19 de abril.
No domingo, o ministro da Saúde, Jens Spahn, sugeriu uma redução nas medidas coercitivas, mais ou menos rigorosas dependendo da região, que afetam mais de 80 milhões de alemães e atingem severamente a principal economia europeia.
Depois da Páscoa, "será uma questão de ver como voltamos por etapas" a uma vida mais normal, disse ele, sem especificar, porém, que setores seriam privilegiados num primeiro momento.
A Academia Leopoldina, que se baseia nas opiniões de muitos especialistas em ciências exatas, mas também em ciências sociais, recomenda a reabertura "o mais rápido possível" das escolas fechadas desde 16 de março, a começar com as escolas de ensino básico e secundário.
Os exames escolares também devem ser realizados na medida do possível. A maioria das creches deve permanecer fechada.
Lojas e restaurantes também poderiam reabrir portas, bem como repartições públicas, desde que as "medidas de barreira", em particular a lavagem regular das mãos e o respeito do distanciamento social, sejam escrupulosamente respeitados.
O presidente da Academia Leopoldina, Gerald Haug, alertou que esse relaxamento pode ocorrer apenas acompanhado da obrigação de usar máscara de proteção nos transportes públicos. "Todo o cidadão no futuro deve ter esse tipo de proteção de boca e nariz e usá-lo sempre que as regras do distanciamento social não puderem ser respeitadas", disse em entrevista à revista semanal "Der Spiegel". "Devemos, a todo custo, evitar uma segunda onda de infeções", alertou.
A Alemanha tem 123.016 casos confirmados de COVID-19, com uma queda notável no número de novos contágios registados diariamente.
Este relatório, que também recomenda a retomada "pouco a pouco" de eventos culturais ou desportivos, chega numa altura em que a pressão a favor de uma redução progressiva das medidas coercivas está a aumentar, num país profundamente ligado às liberdades públicas e com uma economia em sofrimento com o confinamento.
O influente líder da região da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, pressionou Merkel, solicitando "uma perspetiva de normalização". Com 18 milhões de habitantes, a mais populosa da Alemanha, a sua região também é uma das mais afetadas pela pandemia.
"Precisamos de um roteiro que nos mostre o caminho para o retorno à normalidade com total responsabilidade", acrescentou o aliado de Angela Merkel e candidato à presidência da União Democrática Cristã (CDU) durante uma intervenção na televisão.
Os últimos números publicados pelo instituto de monitoramento de saúde Robert-Koch também parecem confirmar uma ligeira melhoria na situação. Se a COVID-19 causou 2.799 mortes no país, a taxa de aumento diário do número de casos também diminuiu para 2.537 esta segunda-feira.
Outro fator encorajador é que o número de pessoas curadas pelo novo coronavírus já excede o número de pacientes.
O ministro da Saúde lançou, porém, um alerta: assim como no resto do mundo, o novo coronavírus terá um impacto a longo prazo. "O vírus permanecerá. Teremos que conviver com ele de forma sustentável", afirmou Jens Spahn.
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