Segundo um relatório da OCDE hoje divulgado, intitulado “Combatendo o consumo excessivo de álcool – Política Económica e de Saúde Pública”, estima-se que cerca de 11 por cento de todo o consumo de álcool não seja contabilizado nos Estados membros da OCDE, entre os quais Portugal se inclui.

Se adicionarmos este dado à informação do consumo registado, o total sobe para 10,3 litros ‘per capita’, bastante acima da média mundial: 6,2 litros.

Nos termos do documento, a maior quantidade de álcool é ingerida pelos 20 por cento da população que mais bebem nos países analisados.

Os níveis de consumo de álcool perigosos (uma quantidade semanal de álcool puro de 140 gramas ou mais para as mulheres e 210 ou mais para os homens) e de elevada ingestão episódica (“bebedeiras”, em que são ingeridas entre cinco e oito bebidas numa sessão, dependendo do país) entre os jovens, especialmente do sexo feminino, aumentaram em muitos países da OCDE.

Durante os anos 2000, a proporção de menores com 15 anos e idade inferior que nunca beberam álcool caiu de 44 para 30 por cento entre os rapazes e de 50 para 31 por cento entre as raparigas; a quantidade de crianças e adolescentes que já se embebedaram aumentou de 30 para 40 por cento (rapazes) e de 26 para 41 por cento (raparigas) no mesmo período, indica o relatório.

As pessoas com mais instrução e de estatuto socioeconómico mais elevado têm uma maior probabilidade de consumir álcool. Homens com menos estudos e de classe mais baixa, bem como mulheres mais instruídas e de estatuto socioeconómico mais elevado têm maior probabilidade de ingerir álcool em quantidades perigosas.

Em geral, as minorias étnicas bebem menos álcool que a maioria da população, mas existem exceções significativas em alguns países, refere o documento.

Apesar de o impacto da ingestão de grandes quantidades de álcool na produtividade laboral ser consistentemente negativo, há provas de que a ingestão moderada de álcool poderá ter consequências positivas, especialmente nos salários. Algumas estimativas sugerem que as perdas de produtividade associadas ao consumo excessivo de álcool se situam em cerca de um por cento do Produto Interno Bruto (PIB) na maioria dos países membros.

O álcool tem impacto no desenvolvimento de uma série de doenças e lesões: o consumo alcoólico excessivo subiu de oitava para quinta causa mundial de morte e incapacidade entre 1990 e 2010.

Baseado num modelo de simulação, o estudo da OCDE mostra que diversas políticas sobre o consumo de álcool têm potencial para reduzir os níveis de ingestão perigosa, regular e episódica de álcool e de dependência em três países (Alemanha, República Checa e Canadá) em entre cinco e dez por cento.

Tal redução contribuiria muito para que esses países alcançassem o objetivo voluntariamente estabelecido de baixar o consumo excessivo de álcool em dez por cento até 2025, uma meta fixada em 2013 pela Assembleia Mundial de Saúde, no âmbito do Programa de Monitorização Global de Doenças Intransmissíveis incluído na Estratégia Global da Organização Mundial de Saúde (OMS) para reduzir o consumo excessivo de álcool.

De acordo com o grupo de especialistas que elaborou este relatório, combinar legislação relativa ao consumo de álcool numa estratégia de prevenção coerente dará resultados positivos, ajudando a alcançar “massa crítica” com maior impacto nas normas sociais que ditam os comportamentos de consumo alcoólico abusivo.

A OCDE tem atualmente 34 Estados membros: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia, Suíça e Turquia.