Os produtos químicos perfluoroalquil e polifluoroalquil (PFAS) são uma grande família de produtos sintéticos, desenvolvidos na década de 1940 para resistir à humidade e ao calor. São usados em revestimentos antiaderentes, têxteis, ou em embalagens de produtos alimentícios.
Os PFAS resistem à degradação e permanecem no ambiente por muito tempo. E são nocivos para a saúde: podem afetar o fígado, elevar o nível do colesterol, reduzir a resposta imunológica e aumentar o risco de diferentes tipos de cancro.
Os cientistas deste estudo analisaram 500 amostras de peixes de lagos e rios dos Estados Unidos entre 2013 e 2015.
A taxa média de contaminação foi de 9,5 microgramas por quilo, de acordo com o estudo publicado na revista Environmental Research. Cerca de 75% dessas amostras apresentaram contaminação baseada em PFOS, que é uma subfaixa de substâncias dentro dos PFAS.
Essa taxa de contaminação é equivalente a beber, por um mês, água potável contaminada com 48 partes de PFOS por mil milhões
De acordo com as normas vigentes nos Estados Unidos, a água é considerada saudável para consumo humano se tiver no máximo 0,2 partes de PFOS por mil milhões.
A contaminação baseada em PFAS encontrada em peixes de água doce capturados na natureza é 278 vezes maior do que em peixes criados em instalações destinadas à sua reprodução.
Conclusões "particularmente preocupantes"
Estas descobertas são "particularmente preocupantes, dado o impacto em comunidades desfavorecidas que consomem peixe como fonte de proteína, ou por razões socioculturais", disse à AFP David Andrews, da organização Environmental Working Group, que liderou o estudo.
Os PFAS são, "provavelmente, a maior ameaça química à espécie humana no século XXI", acrescentou Patrick Byrne, investigador sobre poluição ambiental da universidade britânica de John Moores, em Liverpool.
"Este estudo é importante, porque representa a primeira evidência da transmissão direta de PFAS de peixes para humanos", disse ele.
O estudo foi publicado por iniciativa de Dinamarca, Alemanha, Holanda, Noruega e Suécia, que apresentaram na última sexta-feira (13) uma proposta de proibição do PFAS à Agência Europeia de Produtos Químicos.
Essa proposta reafirma a posição destes cinco países, segundo a qual o uso de substâncias PFAS não tem sido suficientemente controlado na Europa.
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