Luis Filipe Pereira, Gestor, Antigo Ministro da Saúde e Presidente da AADIC-Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca explica, em entrevista exclusiva ao Healthnews, a génese e os objetivos da Coligação “Nação Invisível”, uma iniciativa conjunta da Novartis, Fundação Portuguesa de Cardiologia, Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca e da PT.AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos.

HealthNews (HN) – Como nasceu, que organizações integra e quais os principais objetivos da coligação “Nação Invisível”?

Luís Filipe Pereira (LFP) – A Coligação “Nação Invisível surgiu dos esforços comuns das organizações que a integram para fazer face à preocupante situação, em Portugal, resultante do impacto das Doenças Cérebro-Cardio-Vasculares (DCCV) que são, hoje, a principal causa de morte evitável no país, responsáveis por 1 em cada 3 mortes.

As organizações que integram a “Nação Invisível” são as seguintes: NOVARTIS, FPC-Fundação Portuguesa de Cardiologia, AADIC-Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca e PT.AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos.

Os principais objetivos da Coligação consistem: no alerta público para a situação das DCCV em Portugal criando um sentido de urgência para a prevenção e controle da doença junto das comunidades de doentes, das sociedades médicas, da sociedade civil, dos “media” e dos decisores políticos; na sensibilização destas entidades para a importância de atuar para reduzir os fatores de risco estimulando os principais decisores em saúde a tomar medidas concretas; e na contribuição para o desenvolvimento de uma estratégia e de abordagens integradas, mobilizando todas as entidades que fazem parte da Coligação.

HN – Qual o papel da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC) nesta coligação?

LFP – A AADIC – Associação para o apoio à IC, doença que se integra nas DCCV e que atinge hoje em Portugal, mais de 700.000 pessoas (>7% da população) desenvolve no âmbito da Coligação um conjunto de ações de prevenção e sensibilização com particular ênfase para a sensibilização das DCCV nas escolas junto do público mais jovem.

HN – Como é que a coligação pretende sensibilizar a população portuguesa para as doenças cérebro-cardiovasculares?

LFP – É fundamental difundir junto do grande público a importância e o impacto das DCCV em Portugal. A sensibilização da população em geral é, assim, da maior relevância o que inclui um largo conjunto de atividades como o incremento e aprofundamento da literacia em saúde junto de vários públicos, a divulgação da realidade das DCCV, no país, nos meios de comunicação social e a consciencialização da sociedade civil para a necessidade urgente de melhorar a situação das DCCV em Portugal.

HN – Por que é importante sensibilizar não apenas a população, mas também os profissionais de saúde e os decisores políticos?

LFP – A sensibilização quanto à importância e impacto das DCCV deve, também, alargar-se aos decisores políticos e aos profissionais de saúde. As tomadas de decisões quanto aos recursos e às estratégias que visem a prevenção e o combate às DCCV competem às autoridades de saúde e aos decisores políticos no que se refere ao desenho, formulação e implementação das políticas públicas na área da saúde. A atuação dos profissionais de saúde, por outro lado, é crítica e decisiva para o diagnóstico, tratamento e combate às doenças.

HN – Que tipo de mudanças a coligação espera promover nessas comunidades específicas?

LFP – A Coligação espera promover mudanças importantes junto das entidades que possam contribuir para a prevenção e combate às DCCV: acordando a sociedade civil da indiferença e da aceitação de que é inevitável viver com as DCCV pois que estas doenças são um problema de saúde prevenível, tratável e controlável com um impacto relevante na longevidade da população e sensibilizando os Decisores de Saúde para o reconhecimento e correção das vulnerabilidades das atuais estratégias de gestão e tratamento das DCCV.

HN – Quais são os dados mais recentes sobre os fatores de risco e mortalidade associada às doenças cérebro-cardiovasculares em Portugal?

LFP – As DCCV, para além de serem a principal causa de morte evitável no país, responsáveis por 1 em cada 3 mortes, podem ainda atingir uma larga parte da população: 68% dos portugueses têm 2 ou mais fatores de risco de DCCV e 22% têm 4 ou mais. Destes doentes com risco cardiovascular muito elevado, 1 em cada 3, sofreu já um evento cardiovascular.

HN – Como esses dados justificam a necessidade de uma iniciativa como a “Nação Invisível”?

LFP – A preocupante situação descrita fundamenta a importância e a necessidade de uma iniciativa como a “Nação Invisível”. De referir, também, que esta iniciativa se insere na concretização, em Portugal, dos esforços desenvolvidos a nível internacional pela Global Heart Hub organização da qual fazem parte a FPC e a AADIC.