A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) vai promover uma ação nacional de consciencialização para o diagnóstico precoce e tratamento da colangite biliar primária, uma doença silenciosa, que atinge maioritariamente as mulheres, entre os 40 e os 60 anos. A iniciativa vai ser lançada no âmbito do Dia Internacional da Colangite Biliar Primária, que se assinala a 12 de setembro, com o objetivo de alertar a população para esta doença, que pode ser fatal.
“A colangite biliar primária é uma doença do fígado que vai acompanhar a pessoa durante toda a vida. Em muitos casos, a doença mantém-se ligeira ou moderada, sem grandes perturbações no funcionamento do fígado. Sendo uma doença progressiva, se não for diagnosticada precocemente, poderá evoluir para cirrose e doença hepática terminal, obrigando ao transplante de fígado”, esclarece José Presa, especialista em Medicina Interna e presidente da APEF.
Os sintomas iniciais mais comuns são fadiga e comichão (prurido). Porém, embora menos frequentes, existem também outras manifestações a ter em conta; escurecimento da pele; pequenas manchas amarelas ou brancas sob a pele, ou ao redor dos olhos. Algumas pessoas apresentam também queixas de boca e olhos secos e dores nas articulações.
De acordo com a progressão da doença, podem surgir sintomas associados à cirrose: pele amarela (icterícia); pernas e pés inchados (edema); abdómen inchado devido à acumulação de líquido (ascite); sangramento interno da parte superior do estômago e do esófago, devido à rotura das veias dilatadas (varizes).
“Ainda assim, em 25 por cento dos casos não existe qualquer sintoma e a doença é, incidentalmente, detetada durante uma avaliação de rotina, pela elevação das análises do fígado, em especial da Fosfatase Alcalina”, alerta José Presa.
O médico explica que apesar de não ter cura, esta doença tem tratamento se diagnosticada atempadamente. “Os objetivos do tratamento são impedir ou retardar a progressão da doença e aliviar os sintomas, como comichão ou fadiga. Os tratamentos são fáceis e eficazes” afirma José Presa.
Em Portugal, estima-se que existam entre 500 a mil casos de colangite biliar primária, o que a torna uma doença rara e pouco conhecida, atingindo maioritariamente as pessoas do sexo feminino, mais precisamente, nove mulheres por cada homem. As idades mais comuns de diagnóstico situam-se entre os 40 e os 60 anos, em ambos os sexos.
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