Inaugurada no Dia Mundial da Obesidade, a Clínica de Tratamento Cirúrgico da Obesidade, do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), terá um circuito independente, onde decorrerão todas as consultas de avaliação e seleção dos utentes candidatos a cirurgia.
“Nós criámos o Centro de Responsabilidade Integrado de Tratamento da Obesidade [CRIO] há cerca de seis meses e dentro desta lógica queríamos criar uma unidade que olhasse para a forma de cuidar de uma maneira diferente, mais efetiva”, disse à agência Lusa Paulo Espiga, vogal do Conselho de Administração do CHULC.
O objetivo, adiantou, é que no mesmo dia o doente “feche todo o seu ciclo de cuidados” para, se estiver apto, passar à fase seguinte, um processo que às vezes demorava três, quatro meses e que envolve consultas de Endocrinologia, Medicina Interna, Cirurgia, Fisiatria, Psicologia, Nutrição, Fisioterapia e Enfermagem
Na clínica, o utente será “atendido, entendido e ouvido como um só” pela equipa que o acompanha, não só no período pré-operatório, em que há “uma intensa e exaustiva preparação e adequação” para a cirurgia, como no pós-operatório.
Questionado pela Lusa sobre quantas consultas de obesidade ficaram por fazer em 2020 e 2021, fonte do CHULC afirmou que “a atividade depende da procura”, mas em 2020 se registaram-se menos 300 consultas face a 2019, ano pré-pandemia.
Em 2021, o valor foi superado com mais 700 consultas realizadas relativamente a 2019, o que permitiu recuperar a atividade adiada em 2020.
Quanto à atividade cirúrgica, afirmou que “houve um impacto importante” decorrente da pandemia, com uma redução em 130 cirurgias em 2020 face a 2019.
“Em 2021, ainda que a atividade tenha melhorado, não foi possível atingir os níveis de desempenho de 2919 ( -57 cirurgias)”, refere o CHUL, apontando como razões para esta quebra face a 2019 a ocupação das enfermarias e das unidades de cuidados intensivos por doentes com Covid-19.
“Estamos a falar de cirurgia complexa que exige sempre cuidados intensivos e com a covid-19 tivemos que, durante alguns meses, interromper a atividade não prioritária”, explicou Paulo Espiga, convicto de que este ano vão conseguirão recuperar as cirurgias que ficaram para trás.
Ao nível da consulta externa, o centro hospitalar referiu que “foi possível não só recuperar a atividade adiada em 2020, como também aumentar a resposta face a 2019”.
Segundo os dados, a lista de espera para cirurgia cifra-se nos 100 doentes, estando apenas seis fora do tempo máximo de resposta garantido (espera superior a 180 dias).
Destes, seis doentes, três têm já a cirurgia agendada e os restantes ainda não realizaram a cirurgia por motivos relacionados com os próprios doentes. A média de espera após inscrição para cirurgia são 105 dias.
Segundo dados avançados à Lusa pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), foram realizadas nas unidades do Serviço Nacional de Saúde 1.992 cirurgias bariátricas em 2019 (ano pré-pandemia), número que desceu para 1.719 em 2020 e subiu para 2.706 no ano passado.
Comentários