Cientistas conseguiram substituir o ADN mitocondrial (material genético localizado fora do núcleo das células) defeituoso por outro saudável em óvulos humanos, um avanço que pode ajudar a evitar o aparecimento de doenças genéticas de herança materna.
Segundo um artigo publicado hoje na revista científica Nature, investigadores conseguiram substituir o ADN mitocondrial deformado pelo genoma mitocondrial livre de mutações defeituosas de uma dadora e obtiveram um óvulo capaz de produzir com normalidade blastocitos (embriões com cinco ou seis dias de vida) e células estaminais (células que dão origem a outras).
O bebé que nascer deste óvulo terá todos os traços genéticos da sua mãe biológica, mas também o ADN mitocondrial da dadora, pelo que estará livre das doenças que a sua progenitora possa ter transmitido, explicou em conferência de imprensa, citada pela agência Efe, um dos elementos da equipa de cientistas, o investigador Shoukhrat Mitalipov.
O ADN mitocondrial, herdado sempre pela via materna, é responsável pela tramissão de doenças genéticas incuráveis que afetam especialmente os órgãos e os tecidos com maiores necessidades de energia, como o cérebro, o coração, o pâncreas e os rins.
Antes da experiência com óvulos humanos, os cientistas tinham conseguido aplicar a sua técnica em óvulos de fêmeas de macacos que fertilizaram posteriormente, levando ao nascimento de quatro crias sãs, adiantou Shoukhrat Mitalipov.
Para o perito, os resultados da experiência hoje publicados representam o primeiro passo de uma investigação que pode traduzir-se numa terapêutica genética que evite o aparecimento de doenças de herança materna.
25 de outubro de 2012
@Lusa
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