A primeira versão do protótipo, batizado de ‘Salt Control’, pesa 328 gramas e tem “18 centímetros (cm) de comprimento, 12 de altura e 8,3 de largura, descreveu Carla Gonçalves, investigadora principal do iMC SALT, projeto científico que recebeu apoio de “233 mil euros” fundos comunitários.
A olho nu, o protótipo do controlador de sal, é uma caixa de plástico parecida com um saleiro de cozinha tradicional.
Mas, na verdade, o aparelho ‘hi-tech’ (alta tecnologia) é considerado inteligente, porque calcula o sal recomendando pela OMS.
Ao carregar-se num botão, é injetada, numa gaveta com meia dúzia de centímetros, a quantidade de sal necessária para preparar uma sopa de um a três litros e ou para temperar o resto dos ingredientes para a refeição.
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“Este equipamento ajuda, porque já tem as doses previamente definidas. A pessoa seleciona o botão correspondente ao número de elementos da família para a qual vai confecionar a refeição, e tem a dose de criança e a dose de adulto”, explicou Carla Gonçalves, investigadora da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) e a principal responsável pela criação do controlador de sal.
Com esta invenção, o cozinheiro, ou a cozinheira, de serviço lá em casa não terá de se preocupar se está a usar sal em excesso na comida para os comensais, porque a dose é predefinida com algoritmos e depois basta clicar no botão certo.
O novo equipamento, que pode chegar ao mercado em 2023, vem ajudar a concretizar as recomendações alimentares da ingestão de sódio de sal da OMS que é de até cinco gramas por dia, com a ajuda dum mecanismo interno com uma lâmina e umas molas especiais.
Para ajudar a criar o processo mecânico, a FCNAUP teve como parceiro o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) da Universidade do Porto, tendo sempre em conta que o sal tem um “comportamento muito próprio”, porque com a humidade aglutina os grãos e os cristais não são iguais, explicou Carla Gonçalves.
Numa segunda fase do projeto, o objetivo é saber se o saleiro inteligente vai ter impacte na saúde das famílias. “Vamos perceber de que forma é que o equipamento entra nas famílias no momento de cozinhar, o que é que isso implica em termos de paladar”, conta à Lusa Pedro Moreira, docente da FCNAUP e também elemento da equipa investigadora.
O próximo passo do projeto IMCSalt é, portanto, realizar uma intervenção clínica junto de “260 famílias portuguesas” para que utilizem, durante dois meses, em casa uma réplica daquele saleiro especial.
O novo aparelho ‘made in Portugal’ poderá ter um “grande impacto em termos de saúde, porque acrescenta uma mais valia na prevenção do desenvolvimento de doença, bem como é também uma mais valia para os pacientes que sofrem de hipertensão, considera Carla Gonçalves.
Para além de Carla Gonçalves e de Pedro Moreira da FCNAUP e do INEGI, o projeto conta também com as parcerias do Serviço de Saúde Ocupacional do Hospital São João do Porto, bem como do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INÇA) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar - U.Porto (ICBAS).
Um estudo publicado há um ano na revista Food & Nutrition Research e que a Lusa noticiou na altura indicava que quase todos os idosos portugueses (91,5% dos homens e 80% das mulheres) ingerem sal acima das recomendações da OMS e têm níveis baixos de potássio.
Um outro estudo da Universidade do Porto divulgado há quatro anos concluía que quase todas as crianças portuguesas (93%) ingerem sal acima das recomendações da OMS, havendo crianças em Portugal a consumir 17 gramas de sal por dia, ou seja, mais do triplo dos valores aconselhados, e que 85% dos adolescentes avaliados consumiam sal em excesso, havendo quem ingira 22 gramas de sal por dia através de pizzas, chourição e pastelaria.
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