“Espera-se que o aparecimento da BA.4 e BA.5 noutros países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu (EU/EEE) resulte em aumentos de casos de covid-19, como observado em Portugal nos últimos meses”, estima o ECDC num documento hoje publicado sobre saúde pública e estratégias de vacinação para a segunda metade do ano.
Segundo a agência da UE, a dimensão desse aumento de contágios em cada país dependerá de vários fatores, como a proteção imunitária já alcançada contra a infeção, a cobertura da vacinação contra o coronavírus SARS-CoV-2 e a extensão de anteriores ondas pandémicas.
“Em Portugal, o aparecimento e subsequente domínio da BA.5 ocorreu mais cedo do que noutros países da UE/EEE”, refere o ECDC, ao avançar que, depois de ter surgido no início de abril, o crescimento da circulação dessa linhagem da Ómicron foi associado a um aumento da incidência da covid-19 em todas as faixas etárias, que atingiu o pico no início de junho.
De acordo com o documento, embora não exista atualmente indicação de qualquer alteração significativa da gravidade provocada pela BA.4 e pela BA.5 em comparação com as anteriores linhagens, o aumento da circulação BA.5 foi associado a um aumento das hospitalizações e das admissões em unidades de cuidados intensivos (UCI) em Portugal.
“Os aumentos associados às hospitalizações e às admissões da UCI têm sido essencialmente impulsionados por pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. A onda BA.4/BA.5 atingiu o seu pico em Portugal, que tem registado uma tendência acentuadamente decrescente nas taxas de casos entre pessoas com 65 anos ou mais nas últimas cinco semanas”, adianta ainda o ECDC.
Segundo o documento, as taxas globais de notificação dos casos de covid-19 na UE/EEE continuam elevadas e têm vindo a aumentar nas últimas cinco semanas, um crescimento relativamente recente e que “assinala o início de uma onda generalizada impulsionada pelas variantes BA.4 e BA.5”.
O centro europeu salienta também que a demonstração científica indica que a eficácia da vacina contra doença severa causada pela Ómicron continua elevada, incluindo entre as faixas etárias mais idosas, com uma proteção de cerca de 80% a 90% cerca de dois a três meses após o primeiro reforço, mas que se vai reduzindo após três a seis meses.
“Uma segunda dose de reforço restaura a eficácia da vacina contra doença grave, que permanece estável até 10 semanas, mas ainda não estão disponíveis tempos de seguimento mais longos”, refere o ECDC.
Nesta fase da pandemia, o objetivo das campanhas de vacinação deve ser reduzir a hospitalização, a doença grave e morte por covid-19 e proteger os sistemas de saúde, preconiza ECDC, reiterando que um segundo reforço deve ser considerado não apenas para a população com 80 anos ou mais, mas também entre 60 e 79 anos e para pessoas com doenças subjacentes, independentemente da idade.
“Isso seria particularmente relevante e impactante em países onde a onda BA.4 e BA.55 está a começar ou ainda não atingiu o pico”, alerta o centro europeu.
O ECDC adianta ainda que as vacinas adaptadas à Ómicron serão provavelmente autorizadas para utilização na UE em setembro, prevendo-se que estejam disponíveis durante o último trimestre deste ano.
No entanto, o calendário de distribuição e o seu fornecimento estão atualmente a ser definidos com os fabricantes.
Os últimos dados do Instituto Ricardo Jorge (INSA), disponibilizados na sexta-feira, indicam que a linhagem BA.5 da variante Ómicron, com maior capacidade de transmissão, é responsável por 92% das infeções registadas em Portugal.
Nas últimas semanas, a mortalidade por covid-19 em Portugal está em tendência decrescente e a aproximar-se do limiar europeu de 20 óbitos a 14 dias por um milhão de habitantes, assim como os internamentos em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos.
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