A pele é o maior órgão do nosso corpo, tendo por isso um papel essencial na saúde humana. Apesar da sua importância, nem sempre é dada a atenção que merece. Com a chegada do verão, a médica dermatologista no IPO de Lisboa, Cecília Moura, junta-se aos vários alertas sobre os cuidados a ter para garantir a saúde da pele. A especialista destaca a importância de “adquirir um comportamento preventivo”, pois é sabido que as queimaduras solares podem aumentar o risco de cancro de pele. O melanoma é um dos cancros mais graves e agressivos cuja incidência tem aumentado.

Ter cuidados com a exposição solar, vigiar sinais e manter o acompanhamento do dermatologista aumenta a hipótese de diagnóstico precoce e a possibilidade de sucesso no tratamento do melanoma maligno. Em que momento é que as pessoas devem procurar aconselhamento de um especialista?

Adquirir um comportamento preventivo é fundamental, por isso, todas as pessoas devem ter atenção aos cuidados de proteção da exposição solar intensa e cumulativa e devem praticar, frequentemente, o autoexame da pele, sendo que sempre que surgir alguma dúvida, devem consultar o seu médico assistente.

O melanoma é um dos cancros mais graves e agressivos cuja incidência tem aumentado nos últimos anos. O que é que está a falhar?

Em geral, todas as neoplasias malignas têm aumentado a incidência, facto que se deve ao aumento da esperança de vida e à melhoria das técnicas de diagnóstico e, no caso do melanoma, aos hábitos de exposição solar.

A causa do melanoma ainda não é totalmente conhecida, mas já existem evidências científicas de que a exposição à radiação ultravioleta aumenta o risco de desenvolvimento da doença. Como olha para o aumento da procura dos solários?

Não identifico nenhuma vantagem em frequentar solários, uma vez que a radiação ultravioleta é considerada carcinogénica.

Especialistas alertam que 90% das mortes por cancro de pele podem ser evitadas. Qual a importância da promoção de iniciativas e campanhas de sensibilização?

A literacia em saúde é importante para salvar vidas. Quanto mais conhecemos a doença e as suas manifestações, mais podemos fazer a sua prevenção primária ou o seu diagnóstico precoce, contribuindo para impedir a progressão do cancro e melhorar o prognóstico.

Com a chegada do verão. Qual mensagem que gostaria de deixar para a população e comunidade médica?

A exposição solar deve ser regrada e adaptada a cada pessoa. Devem evitar-se as queimaduras solares, a exposição prolongada ao sol e devem ser utilizadas medidas básicas de foto proteção, como vestuário adequado, chapéu, óculos de sol e evitar as horas de maior intensidade da radiação solar, que correspondem às horas em que a nossa sombra é curta. Procurar sombras e beber bastante água também é importante. É necessário ter especial atenção e proteger, sobretudo, as crianças, os idosos ou os doentes a tomar medicações crónicas que podem sensibilizar a pele à radiação solar ou que têm maior risco de neoplasias cutâneas, como transplantados, imunodeprimidos e sobreviventes de doenças oncológicas.

Fez parte do projeto “Melanoma Talks” da MSD. O que podem esperar que resulte desta iniciativa?

O objetivo passa por gerar uma maior sensibilização da comunidade científica ao melanoma, em particular, e cancro de pele, em geral, contribuindo para a literacia em saúde e prevenção primária e secundária.

Entrevista de Vaishaly Camões