Uma equipa de cientistas da Universidade de Liverpool liderada pelo investigador português João Pedro Magalhães descobriu a sequenciação do genoma do rato-toupeira-pelado, uma espécie de roedor que resiste ao cancro, à velhice e à dor.

Os investigadores descobriram que este mamífero, que dizem ser a espécie de roedores mais feia do mundo, não só possuiu uma invulgar resistência a doenças da velhice, como consegue viver mais anos do que as restantes espécies de ratos.

A descoberta, obtida a partir da sequênciação genética do animal, ocorreu no âmbito de um projecto liderado pelo português João Pedro Magalhães, investigador e professor na Universidade de Liverpool, em colaboração com o Centro de Análise de Genoma, em Norwich, no Reino Unido.

Um comunicado daquela universidade britânica avança que até hoje nunca foi diagnosticado cancro nesta espécie de animal. O estudo sugere que as células do rato-toupeira-pelado (Heterocephalus glaber), geralmente encontrados no sul da Etiópia, Quénia e Somália, possuem capacidades anti-tumorais, inexistentes noutros roedores ou no ser humano.

"Uma melhor compreensao dos mecanismos de resistência ao cancro no rato-toupeira-pelado pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos aplicáveis ao ser humana", assegurou ao SAPO o líder da investigação, João Pedro Magalhães, acrescentando que "o trabalho vai facilitar estudos no rato-toupeira-pelado e permitir que este se torne no primeiro modelo biomédico de resistência a doencas".

"O rato-toupeira-pelado fascina os cientistas há muitos anos", explica o cientista português João Pedro de Magalhães, citado pelo  documento aci. "Mas foi apenas há alguns anos que descobrimos que podia viver tanto tempo. Não é muito maior do que um ratinho, que vivem normalmente até quatro anos, e no entanto este roedor subterrâneo vive de boa saúde durante três décadas. É um exemplo interessante de tudo aquilo que ainda temos de aprender acerca dos mecanismos de envelhecimento", conclui.

Os investigadores estão agora a estudar a informação genética obtida a partir do rato-toupeira-pelado e os mecanismos que o animal usa para resistir ao avanço da idade, como a rara capacidade de reparação do DNA.

Essas informações serão depois disponibilizadas à comunidade científica, com o intuito de fornecer informação relevante para estudos relacionados com o cancro e com a longevidade humana, garante a mesma nota de imprensa.

09 de julho de 2011

@Nuno Noronha