Kayleigh Spillman e Rory Spillman tiveram de abdicar do sexo no início de vida conjugal. O casal inglês tinha regressado há menos de uma semana da lua de mel, em Moorea e Bora Bora, na Polinésia Francesa, quando ela soube que tinha cancro no colo do útero e que teria de ser submetida a uma traquelectomia, uma cirurgia radical de remoção da parte inferior deste órgão, no fundo da vagina, onde se encontra a abertura do útero.

Uma situação que os obrigou a uma abstinência sexual forçada, que já se prolonga por três meses. «O que deveriam ser os melhores meses das nossas vidas têm sido os piores», desabafa a mulher de 29 anos que casou em agosto de 2016 numa mansão na zona rural de Hertfordshire, em Inglaterra. «Queríamos fazer as coisas normais que os casais fazem e tivemos de adiar todos os nossos planos», lamenta.

6 meses de inferno

Os últimos seis meses foram os piores da vida de Kayleigh Spillman e Rory Spillman. Em julho, numa consulta médica de rotina, foi confrontada com a descoberta de vários pólipos uterinos mas, com a proximidade do casamento e atarefada com os preparativos, desvalorizou o assunto. «Disseram-me para não me preocupar mas depois recebi uma carta a dizer que tinha de fazer uma colposcopia», revelou a um jornal inglês.

«Como o exame estava marcado para quatro dias antes do casamento, não me preocupei. Encarei-o como se fosse mais uma coisa que tinha que ser feita, como uma ida ao cabeleireiro. Nunca pensei que fosse nada sério», admite hoje. No dia 2 de agosto, dirigiu-se ao Hertford County Hospital e não pensou mais no caso. «Estávamos noivos desde 2012. Já tínhamos esperado tanto tempo que eu só queria que tudo fosse perfeito», diz.

A notícia mais temida

Depois de 10 dias de sonho na Polinésia Francesa e de muitos passeios de mãos dadas nas praias de areias transparentes repletas de peixes coloridos, mal sonhava o casal de Hertford Heath o pesadelo que o esperava. Mal aterraram no Heathrow Airport, em Londres, Kayleigh Spillman foi confrontada com uma série de chamadas perdidas, a maioria do Hertford County Hospital.

Cinco dias depois, soube que tinha cancro do colo do útero na fase 1B1, com um tumor de 11 milímetros de comprimento por quatro milímetros de largura. «Fiquei completamente devastada», assume. Além da traquelectomia, teria também de ser submetida a uma cirurgia de remoção dos gânglios linfáticos. «Dizer que [receber essa notícia] foi um choque é um eufemismo», acrescenta ainda.

A pressão que afetou a vida do casal

A operação cirúrgica demorou sete horas. Durante o processo de recuperação, Kayleigh Spillman não teve de fazer quimioterapia nem radioterapia e teve de se comprometer a não ter relações sexuais durante um período mínimo de três meses, sendo que até 28 de janeiro de 2017 a penetração sexual era completamente proibida. Só no próximo sábado, depois de uma nova consulta, saberá se já terão luz verde para consumar o casamento.

«Quando voltarmos a ter relações, já sei que vai ser doloroso», refere. Apesar da vontade ser muita, a vida do casal tem sido afetada pela doença. «A nossa relação tem sido sujeita a muita pressão», assume Kayleigh Spillman. «O mais importante, para mim, tem sido ela. Os meus sentimentos têm ficado para trás», assegura Rory Spillman. De acordo com os médicos que a operaram, a fertilidade da inglesa não foi afetada.

Texto: Luis Batista Gonçalves com PA Real Life (fotografias)