O rastreio desenvolvido por um grupo de investigadores radicado no Reino Unido permite detetar a patologia mais cedo do que uma mamografia, de acordo com o estudo publicado no jornal científico "Cancers".

O teste de deteção foi desenvolvido baseado na deteção de células tumorais circulantes (CTC) -  que são pequenos fragmentos do cancro - em amostras de sangue. A partir de cerca de cinco mililitros de sangue é possível apurar se existem CTC, mesmo que em pequenas quantidades, no organismo, um indicador preciso de um tumor nas suas fases mais iniciais.

A deteção do cancro da mama nos seus estadios iniciais está associada a maiores taxas de cura e melhor sobrevida, além de exigir menos tratamentos intensivos. Segundo o estudo, o rastreamento atual do cancro da mama através da mamografia "não é adequado para uso em mulheres (mais jovens), com mamas mais densas, e também tem limitações na sua capacidade de detetar tipos de cancro da mama mais agressivos".

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"Este tipo de teste pode detectar CTC de cancro de mama com alta precisão em todas as faixas etárias, subtipos de recetores hormonais, subtipos histológicos e grau da doença. No nosso estudo, esse teste detetou casos de cancro de mama", lê-se no artigo.

"Este teste tem um risco não significativo de resultados falsos positivos, bem como uma alta taxa de deteção de cancro da mama em estadios iniciais", refere. "A adoção clínica deste teste pode ser benéfica no rastreamento do câncer, bem como na deteção do cancro da mama em casos suspeitos", acrescenta.

O teste deteta determinados tipos da doença com precisão "independentemente da idade, etnia, estadio da doença, grau ou status do recetor hormonal".

Tipo de cancro mais comum

O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o cancro da pele), e corresponde à segunda causa de morte por cancro, na mulher.

Em Portugal, anualmente são detectados cerca de 7.000 novos casos de cancro da mama, e 1.800 mulheres morrem com esta doença, segundo dados da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC).

O cancro da mama é uma das doenças com maior impacto na nossa sociedade, não só por ser muito frequente, e associado a uma imagem de grande gravidade, mas também porque agride um órgão cheio de simbolismo, na maternidade e na feminilidade, indica a LPCC.

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Em Portugal, cerca de 1% de todos os cancros da mama ocorrem no homem.

O cancro da mama pode causar alterações físicas visíveis, que devem ser observadas com atenção:

  • Qualquer alteração na mama ou no mamilo, quer no aspeto quer na palpação;
  • Qualquer nódulo ou espessamento na mama, perto da mama ou na zona da axila;
  • Sensibilidade no mamilo;
  • Alteração do tamanho ou forma da mama;
  • Retracção do mamilo (mamilo virado para dentro da mama);
  • Pele da mama, aréola ou mamilo com aspecto escamoso, vermelho ou inchado; pode apresentar saliências ou reentrâncias, de modo a parecer "casca de laranja".
  • Secreção ou perda de líquido pelo mamilo.

Apesar dos estadios iniciais do cancro não causarem dor, se sentir dor na mama ou qualquer outro sintoma que não desapareça, deve consultar o médico. Na maioria das vezes, estes sintomas não estão associados a cancro, mas é importante ser vista pelo médico, para que qualquer problema possa ser diagnosticado e tratado atempadamente.

Veja ainda: Os sintomas de cancro mais ignorados pelos portugueses