"Os novos casos de doença avançada atingem, muito frequentemente, a faixa etária compreendida entre os 45 e os 55 anos de idade, altura em que a maioria das mulheres ainda tem uma vida bastante ativa", afirma a médica Fátima Cardoso.

As consequências desta doença podem afetar o normal decorrer da vida destas mulheres, nomeadamente no que diz respeito à vida íntima. "A autoestima da mulher tende a diminuir, a par com uma sensação de fadiga, disfunção sexual, ansiedade e angústia sentidas", frisa a especialista.

De acordo com os dados do relatório The Global Status of Advanced/Metastatic Breast Cancer 2005-2015 Decade Report, as mulheres com cancro da mama metastático tendem a sentir-se fragilizadas a nível emocional e enfrentam desafios ao viver a sua sexualidade e feminilidade, devido aos efeitos secundários da doença e tratamento, com alterações da imagem corporal devido a mastectomias, queda de cabelo, alterações no peso e unhas, entre outras.

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"Estes sintomas prejudicam o normal decorrer da vida das mulheres, tendo um impacto direto na líbido, fazem com que esta se sinta desconfortável com o próprio corpo e que, por isso, perca o desejo sexual ou que, simplesmente, não se sinta à vontade para o praticar", frisa a oncologista.

"Nesta fase o apoio do parceiro ou parceira é indispensável e é fundamental que exista uma relação de grande proximidade entre ambos, que os pares mostrem disponibilidade, compreensão e abertura para conversar sobre o assunto e que incentivem a pessoa com a doença a procurar ajuda profissional e formas de contornar os obstáculos encontrados", assevera.

"Muitas mulheres acabam por não reportar as dificuldades que sentem a nível sexual à equipa médica que as segue, seja por vergonha, ou por considerarem ser uma consequência normal da doença", acrescenta.

Hoje em dia já existem muitas instituições de saúde que tratam pessoas com cancro e que dispõe de consultas de onco-sexologia e de psico-oncologia, que representam uma ajuda essencial tanto para as mulheres como para o casal que enfrenta esta situação. "Para diminuir o impacto das alterações físicas, é também indispensável que a mulher se sinta emocionalmente forte e, para isso, o apoio e compreensão do seu núcleo familiar e de amigos é fundamental", explica.

Na opinião desta médica, uma abordagem psicossocial no tratamento da doença, que tenha em conta o impacto físico e emocional da doença na vida diária destas mulheres, com uma equipa multidisciplinar envolvida no tratamento com profissionais de diferentes áreas (oncologistas, radioterapeutas, cirurgiões, radiologistas, patologias estas, enfermeiras especializadas, psicologia, psiquiatria, fisiatria, neurologia, técnicos em exercício físico adaptado às condições de cada doente, nutricionistas e outros) é também essencial para obter melhores resultados aos tratamentos.