specialistas internacionais estão reunidos em Lisboa para definir, pela primeira vez, recomendações mundiais para o tratamento do cancro da mama avançado, o que pode ajudar a melhorar a esperança de vida destes doentes.

Fátima Cardoso, oncologista da Fundação Champalimaud, explicou à agência Lusa que já existem recomendações internacionais para o cancro da mama precoce e que o mesmo se pretende fazer para o cancro da mama avançado, ou tumor metastático.

Durante muitos anos os doentes com cancro da mama avançado foram sendo esquecidos pela comunidade científica, pelos grupos de apoio e mesmo pela comunicação social, lembra a especialista.

“Quase sempre quando se fala de cancro da mama fala-se do precoce, de rastreio, de diagnóstico precoce e de possibilidade de cura. É mais difícil falar de uma doença que é quase sempre incurável e que leva quase sempre à morte”, reconhece.

Tal como acontece com o precoce, que há mais de 20 anos têm recomendações internacionais definidas, a comunidade científica mundial pretende agora criar e publicar normas para o cancro da mama avançado.

Depois de um trabalho de mudança de mentalidade dos médicos, oncologistas de todo o mundo pretendem definir recomendações que permitirão ter um tratamento mais consistente e correto do cancro da mama avançado.

“Pode haver, por vezes, tendência de pensar quem, como é uma doença incurável se pode tratar da forma como queremos e nós pretendemos mudar isso. Queremos aplicar à doença avançada alguns dos princípios que são aplicados à doença precoce”, justifica Fátima Cardoso.

Assim, ficará definido que os doentes do cancro da mama metastático terão de receber um tratamento multidisciplinar, com equipas dedicadas que envolvam vários especialistas e que incluam, por exemplo, apoio psicológico e especialistas em cuidados paliativos.

Os tratamentos também deverão ser feitos em unidades especializadas em cancro da mama, uma recomendação que, aliás, na União Europa os especialistas esperam que se torne lei até 2016.

Outra das indicações diz que cada doente deve receber um tratamento individualizado, até porque existem vários tipos de cancro da mama.

A oncologista Fátima Cardoso diz que se espera que estas recomendações aumentem a qualidade de vida e mesmo a sobrevida destes doentes, tal como aconteceu quando foram estabelecidas as diretrizes para o tumor da mama precoce.

As estimativas indicam que cerca de 30% dos doentes com cancro da mama vão desenvolver metástases e que haja, na Europa Ocidental, uma morte a cada seis minutos e meio.

O cancro da mama, o tumor mais frequente no sexo feminino, afeta uma em cada oito mulheres nos países desenvolvidos.

Na conferência internacional de consenso para o cancro da mama, que decorre até sábado em Lisboa, estão presentes cerca de 700 especialistas mundiais das áreas de investigação e tratamento.

04 de novembro de 2011

@Lusa