De acordo com a International Agency for Research on Cancer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS), "10 575 novos casos de cancro colorretal são diagnosticados por ano, o que corresponde a 15,2% dos diagnósticos de cancro em Portugal”.

“A maioria dos casos de cancro colorretal desenvolvem-se a partir de pólipos no cólon ou no reto. Se estes pólipos forem detetados e removidos, alcançar uma cura é possível em 90% dos casos”, adianta a mesma fonte.

Miguel Mascarenhas Saraiva, médico gastrenterologista, reforça: “apesar dos números alarmantes de casos diagnosticados todos os anos, a evolução das tecnologias médicas traz um novo alento não só para os doentes, mas também para os profissionais de saúde que trabalham nesta área. Hoje, felizmente, podemos contar com opções de diagnóstico inovadoras, recorrendo a sistemas de inteligência artificial, que possibilitam uma melhoria na capacidade de detetar lesões que poderiam ser indetetáveis nas colonoscopias convencionais, por exemplo”.

Para detetar um cancro colorretal é necessário realizar os exames de rastreio, que são também os exames de diagnóstico da doença. Se o motivo do exame não for a manifestação de sintomas, de acordo com as atuais recomendações da Direção Geral de Saúde (DGS), recomenda-se em primeiro lugar a realização de uma pesquisa de sangue oculto nas fezes. Caso o resultado seja positivo, segue-se a colonoscopia.

A colonoscopia consiste na observação do interior do reto e do cólon, com o objetivo de determinar se existem pólipos ou áreas anormais, assim como verificar sinais de cancro. Contudo, atualmente, as colonoscopias convencionais apresentam uma taxa de erro de 26%, pelo que alguns casos podem não ser diagnosticados atempadamente, levando ao desenvolvimento de um cancro colorretal pós-colonoscopia (PCCR).

“A IA é uma aliada fundamental nos dias de hoje para contribuir para melhorar as estratégias de deteção existentes. A colonoscopia assistida por IA representa uma mudança de paradigma na deteção do cancro colorretal em estadios iniciais, uma vez que permite uma melhor deteção dos pólipos de várias formas e tamanhos, sinalizando-os durante a  realização da colonoscopia. Com esta tecnologia, os profissionais de saúde reduzem de um modo significativo a taxa de perda de adenomas nas colonoscopias atuais”, acrescenta o especialista.

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