A tendência de aparecimento de casos suspeitos de infeção por vírus Zika em Cabo Verde tem sido decrescente desde meados de novembro, altura em que foi atingido o pico da epidemia, com a notificação de 800 casos numa única semana.

Os dados mais recentes apontam a notificação entre 01 e 07 de fevereiro de 67 casos, sendo que, segundo as autoridades de saúde, na última semana foram vários os dias em que não houve notificação de casos na cidade da Praia, a zona mais afetada.

"Com a evolução, até ao fim do mês estaremos a resolver este problema. Esta última semana tivemos vários dias em que houve zero casos em Santiago, zero casos em São Filipe (Fogo). Depois, de vez em quando, há dois ou três, mas no Maio há mais de quatro semanas que não há nenhum caso. Depois de x dias sem aparecerem casos, consideramos que controlamos este surto, mas, tendo o vetor, temos que estar atentos e mantê-lo a níveis que não seja capaz de transmitir", disse Cristina Fontes Lima.

A ministra da Saúde, que falava aos jornalistas no final de uma reunião sobre a situação do Zika em Cabo Verde com o corpo diplomático, sublinhou a importância de fornecer toda a informação aos representantes estrangeiros e de falar com eles sobre "parcerias para uma intervenção imediata" num cenário pós-epidemia.

"Queremos continuar a malhar no ferro enquanto ele está quente e conseguir um plano para algumas intervenções de consolidação", disse, acrescentando que o plano prevê a criação de um laboratório de entomologia, materiais e consumíveis para identificar o vírus no país, formação de entomologistas, um estudo sobre o comportamento dos mosquitos transmissores ['Aedes aegypti'] e estudos de acompanhamento das grávidas com suspeitas de infeção.

Segundo Cristina Fontes Lima, este plano será a base para plano estratégico de luta anti-vetorial do Zika semelhante ao plano para o paludismo, recentemente distinguido com o prémio Excelência da Aliança de Líderes Africanos contra o Paludismo (ALMA).

Cristina Fontes Lima disse ainda que já pariram as primeiras grávidas infetadas com vírus Zika e que não foi registado qualquer caso de microcefalia ou outras complicações neurológicas nos bebés.

"Estaremos a acompanhar [as grávidas] até maio e junho porque sabe-se que, a haver perturbação, terá sido nos primeiros meses de gestação e ainda é cedo para dizer que em todos os casos não teremos problemas. Podemos estudar estas grávidas e ajudarmos à compreensão da doença", disse a ministra.

Quanto às recomendações internacionais para que as grávidas evitem viajar para países com Zika, Cristina Fontes Lima sublinhou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomendou qualquer restrições às viagens, apenas aconselhou as grávidas a tomarem os cuidados necessários para evitarem ser picadas.

Garantiu, por outro lado, o compromisso das autoridades cabo-verdianas de transparência na informação disponibilizada aos embaixadores.

"Maio está consolidado, não aparecem casos há mais de quatro semanas, estamos à espera que São Filipe consolide, a Praia consolide, Santiago consolide e declararemos o fim da epidemia nessa altura", disse.

Na reunião com a ministra participaram representantes das Nações Unidas, OMS e, entre outros, representantes das embaixadas de Portugal, Brasil e Estados Unidos.

Cabo Verde registou desde a primeira semana de outubro 7.325 casos suspeitos de infeção por vírus Zika.